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Centrais apoiam, mas alguns sindicatos não

Veículo: Valor

Seção: Economia

Ao contrário do posicionamento das seis principais centrais do país, os sindicatos não têm dado aval unânime ao novo Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Categorias ligadas a setores mais pulverizados, como o têxtil, acreditam que dificilmente serão contempladas, outras rechaçam quaisquer medidas que representem redução dos direitos trabalhistas conquistados. Entidades ligadas ao setor automotivo afirmam ainda que, sem um horizonte de recuperação do segmento, o sistema de proteção deve apenas postegar demissões que acabarão se concretizando.

Nesse sentido, o diretor de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos da Região Sul Fluminense, Bartolomeu Citeli, lembra que, ainda em 2013, a Peugeot Citröen negociou por cinco meses redução de 25% na jornada e nos salários da fábrica de Porto Real. Vigente por cinco meses, ela foi substituída por mais cinco meses de "layoff" e, finalmente, por um programa de demissão com cerca de 600 cortes em junho do ano passado. "Ele pode evitar agora, mas até que ponto isso protege o emprego?", diz.

Para Aparecido Inácio da Silva, dos metalúrgicos de São Caetano do Sul ­ onde a GM tem feito cortes desde o início da semana ­, a medida também é "paliativa". "Ela não garante que a economia volte à normalidade", pontua. Cidalino Orsi Junior, à frente dos metalúrgicos de Campinas, afirma que o programa segue uma "linha de conciliação entre capital e trabalho" que, na prática, não existe. Para ele, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), através do subsídio, está dando ajuda às empresas, que terão um reforço de caixa neste primeiro momento e não terão de arcar com eventuais verbas rescisórias. Ligado à Intersindical, o sindicato diz não aceitar acordos que flexibilizem os direitos trabalhistas conquistados.

Vivian Bertoldi, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sintrafe), acredita que poucas empresas do polo têxtil que estão hoje em dificuldade conseguiriam ter acesso ao PPE, já que a falta de pagamento das obrigações trabalhistas é comum entre as pequenas estamparias ­ as que mais têm sofrido na região com a crise.

A entidade conseguiu negociar neste ano, contudo, pelo menos dois acordos de redução de jornada sem diminuição de salários. A Trama Z, com 250 funcionários, atualmente cumpre turnos de segunda a quinta e tem procurado reduzir custos economizando com energia elétrica e nas áreas de transporte e alimentação.



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