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PT envelheceu, só quer cargos e precisa de revolução, diz Lula

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Economia

'Temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos ou nosso projeto', diz petista em São Paulo

(CATIA SEABRA, BELA MEGALE, VALDO CRUZ E MARINA DIDE SÃO PAULO DE BRASÍLIA

Queixando-se de cansaço, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda (22), em São Paulo, que o PT "está velho", acusou petistas de só pensarem em cargos e defendeu uma "revolução" interna para recuperar a imagem do partido.

"Temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos ou nosso projeto", discursou o ex-presidente, em evento ao lado do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol).

Lula falou duas vezes em cansaço, referindo-se a ele e ao governo. "Eu, que sou uma figura proeminente do PT, tenho 69, estou cansado. Estou falando as mesmas coisas que falava em 1980", lamentou.

Para ele, o PT entrou "na roda gigante da política". "A gente só pensa em cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito, ninguém trabalha mais de graça."

Numa crítica sutil à presidente Dilma Rousseff, ele lembrou que promoveu em seu governo 74 conferências com movimentos sociais para discutir políticas públicas.

O ex-presidente também defendeu a necessidade de repensar a esquerda, o socialismo "e até o que fazer quando chegamos ao governo".

González foi palestrante da conferência "Novos desafios da democracia", promovida pelo Instituto Lula com as Fundações Friedrich Ebert e Perseu Abramo. A programação original não previa um discurso do ex-presidente.

Uma ala do governo Dilma e também peemedebistas avaliam que Lula, com suas últimas críticas à petista, ensaia um descolamento de sua criatura para tentar sobreviver politicamente até a eleição presidencial de 2018.

Para interlocutores dilmistas, Lula estaria passando a mensagem de que a responsabilidade pela crise política e econômica é só de Dilma estratégia arriscada, já que, segundo esta ala do governo, o PT está numa situação pior.

REDES SOCIAIS

Na abertura da palestra de González, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que a democracia "está ainda mais complicada" com as redes sociais.

Okamotto foi convocado para explicar à CPI da Petrobras as doações de R$ 3 milhões feitas ao Instituto Lula pela empreiteira Camargo Corrêa, empresa suspeita de participação no esquema de corrupção na Petrobras.

Okamotto voltou a falar sobre as críticas que o instituto recebeu por recolher contribuições de outras empreiteiras sob investigação, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, que patrocinaram viagens de Lula a países onde ele ajudou a defender os interesses das empresas.

"Não tivemos que fazer nada de especial para conseguir recursos", disse Okamotto.

AÉCIO

Nesta segunda (22), o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que Lula e Dilma são "autores de uma obra conjunta". Ao comentar as recentes críticas do petista ao governo e ao PT, o tucano disse que o ex-presidente tem que "assumir" sua parcela de responsabilidade sobre a crise que atinge o país.



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