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"Cenário parou de piorar" , diz Rocha

Veículo: Valor

Seção: Economia

O varejo de moda, como outros segmentos da economia, sofre neste primeiro semestre o impacto da retração dos consumidores. As companhias ampliaram os períodos de promoção na primeira metade do ano, o que garantiu ao setor uma inflação até maio de 1,24%, abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA­15), que acumula alta de 5,23%. Mesmo com reajustes de preços inferiores à média da inflação, as vendas do setor de vestuário seguem fracas. No primeiro trimestre, as vendas do segmento acumularam queda de 3%, de acordo com o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os indicadores da Serasa Experian apontam quedas de 0,8% em abril e 0,8% em maio, já com ajuste sazonal. Para junho, a expectativa de entidades do setor é que haja uma pequena melhora nos resultados das varejistas de moda. Nas palavras do presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, "o cenário parou de piorar". "As queixas das varejistas agora são em relação à falta do frio. Acredito que no segundo semestre o setor vai dar sinais de retomada", disse, durante sabatina promovida pela "Folha de S.Paulo".

Uma das razões citadas para o resultado um pouco melhor em junho é a demanda por artigos de inverno. Mesmo com os dias quentes nas últimas semanas, o clima no país está um pouco mais frio e chuvoso do que no mesmo período de 2014. Outro fator é a base de comparação fraca. No ano passado, os feriados da Copa do Mundo da Fifa prejudicaram o desempenho das varejistas em junho. "Pode não ser o inverno mais rigoroso de todos os tempos, mas as noites mais frias e as chuvas no Nordeste são um estímulo para vendas de vestuário", disse Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).

Prado também considerou que varejistas de moda com operação on­line podem obter resultados mais favoráveis, dada a tendência dos consumidores de comprar mais produtos pela internet. A Renner e a Marisa fizeram mudanças em seus sites de comércio eletrônico para melhorar o desempenho nesse canal. A C&A reinaugurou em fevereiro deste ano sua loja virtual no Brasil com o mesmo objetivo. A Riachuelo informou que lançará seu comércio eletrônico no começo de 2016. De acordo com dados da ebit, empresa de pesquisas sobre o comércio eletrônico, o segmento de moda e acessórios é o que gera maior volume de vendas na internet, respondendo por 18% das transações on­line.

Outro ponto favorável para as varejistas de moda com ações na BM&FBovespa é a forte presença em shopping centers. Segundo pesquisa da Serasa, as vendas do varejo para o Dia das Mães caíram 2,6%. Nos shopping centers, houve um incremento nas vendas entre 0,5% e 1%. Ainda que fraco, esse aumento é uma notícia positiva para varejistas concentradas nos shoppings, como a Renner, com 93% das unidades em grandes centros comerciais, Restoque (85%), C&A (84%) e Riachuelo (82%). Sidnei Abreu, presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), disse que o segundo trimestre começou ruim para o varejo de moda, mas houve uma pequena melhora na primeira quinzena de maio, devido ao Dia das Mães e a uma frente fria na região Centro­Sul do país. "Há uma melhora suave, mas sem sinal de reversão do cenário de desaceleração do consumo", disse.

Flávio Rocha, da Riachuelo, disse que, mesmo com o cenário fraco, vai manter o plano de investir R$ 550 milhões em 2015. Até 2019, vai aportar de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões, para dobrar o número de lojas, para 500 unidades. Neste ano, a empresa prevê abrir 37 unidades. Como efeito negativo da crise em 2015, ele prevê um aumento na taxa de inadimplência da companhia de 6,5% para 7,5%.



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