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Queda da indústria em março se concentrou em cinco locais

Veículo: Valor

Seção: Economia

O cenário regional da produção da indústria em março mostrou quedas em poucos lugares. Cinco dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram retração, em relação a fevereiro. No entanto, esses recuos atingiram as regiões mais relevantes para o resultado nacional. Um dos aspectos mais preocupantes é a trajetória do Nordeste, cuja produção apresentava sinais de estabilidade até fim de 2014; mas começou a cair em seu acumulado em 12 meses a partir de 2015, e mostra recuo de 2,2% até março ­ o mais forte em três anos.

A localidade foi influenciada por piora no desempenho das indústrias de bens não duráveis, preponderantes na região; além de problemas técnicos em seu parque de refino. Os dados constam da Pesquisa Industrial Mensal ­ Produção Física Regional (PIM­PF Regional) de março, divulgada ontem pelo IBGE. Para especialistas, a queda expressiva em 12 meses da produção nordestina, quase 10% da atividade nacional, abre mais uma perspectiva negativa para o futuro da indústria. Silvio Sales, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), já aposta em nova queda para produção em 2015, mais forte do que a de 2014 (­3,2%). Entre os locais de peso na indústria nacional que tiveram queda, em março ante fevereiro, está São Paulo (­0,8%) ­ 35% da produção do país. A atividade paulista caiu 6,8% em 12 meses até março, devido a recuos no setor automotivo.

Outro aspecto preocupante é a trajetória da variações nas produções industriais dos estados de Ceará, Pernambuco e Bahia que compõem a Região Nordeste do IBGE. De dezembro de 2014 a março de 2015, a taxa em 12 meses, no caso do Ceará, saiu de ­2,9% para ­4,3%, no período; na Bahia, foi de ­2,8% para ­5,4%; e Pernambuco, de 0,3% para ­1%. Abritta explicou que o resultado do Nordeste, nesse começo de ano, foi prejudicado por problema sazonal. Houve parada em unidade de refino por problema técnico, afirmou ele. Segundo noticiário da época, em janeiro, ocorreu explosão na Refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, na Bahia. Porém, o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, admitiu que esse fator não foi o único. A economia mais fraca, e menor cadência na demanda, também afetam a indústria nordestina.

Mas, até então, a produção na localidade não mostrava, por conta desses fatores, recuos tão intensos. "Ela [a indústria do Nordeste] vinha ligeiramente positiva até o fim do ano passado, e fechou em estabilidade", afirmou. "Mas, agora, mostra viés de baixa", admitiu. Nem mesmo a manutenção de bons resultados em 12 meses no Centro­Oeste, como Mato Grosso (3,3%) e Goiás (1,9%), observados em março, poderiam ajudar a equilibrar possível trajetória negativa sustentável na indústria nordestina, avaliou Macedo. "O Centro­Oeste é muito forte em agroindústria, soja por exemplo, com recordes de safra esse ano", lembrou. "Mas o peso da região na indústria nacional é de 4,5%, metade do Nordeste".

Já o consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) Silvio Sales não descarta a possibilidade de a indústria nordestina ser afetada por piora na renda do trabalhador esse ano. Embora a região tenha forte presença de usuários de programas de transferência de renda considerou que qualquer fator negativo na renda do trabalho diminui poder aquisitivo. Com orçamento apertado, compras em itens não­duráveis cuja produção é forte no Nordeste ­ como calçados, vestuário ­, são desestimuladas. "A primeira constatação é que os três principais estados [do Nordeste] pioraram seus resultados", disse. "Agora, se temos evidência de que o mercado de trabalho, e o rendimento está pior, e se o comércio estiver vendendo menos, isso afeta a indústria", comentou.



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