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De olho no futuro, grifes revalorizam o seu passado

Veículo: Valor

Seção: Economia

Em tempos de crise, ou em um segmento onde a competição é acirrada ­ caso da moda ­ ter uma marca forte e fidelizada é condição de sobrevivência. Por isso, quem tem, costuma se esmerar para manter. Quem já teve, trabalha duro para recuperar. Na última semana, duas marcas de diferentes setores da moda anunciaram uma espécie de "retorno às origens". São elas a Redley, grife de moda jovem criada no Rio de Janeiro há 30 anos, e a Santista, uma das mais tradicionais fabricantes de denim do País, com quase cem anos de atividade.

Mesmo atuando em setores distintos ­ uma no varejo, outra na indústria ­ as duas empresas buscam revalorizar as suas marcas. O apelo para isso vem de atributos que lá atrás garantiram o sucesso de seus negócios, e de novidades que possam assegurar o sucesso com novos consumidores. "Nos anos 1970, o Brasil não tinha uma produção de denim, somente de tecidos similares", diz Sueli Pereira, gerente de inovação e design da Santista Jeanswear. "Foi a Santista que instalou uma fábrica no país e começou a produzir jeans de verdade". De acordo com a executiva, foi também a Santista a primeira a produzir jeans com elastano e tencel na trama do tecido.

É apoiada por histórias como essas, e com lançamentos que aliam tecnologia e tendências de moda, que a Santista faz a sua "rentrée" no mercado. Com uma campanha batizada de #WELCOMEBACKSANTISTA, a empresa apresenta amanhã, em um evento para clientes, em São Paulo, a sua coleção de Inverno 2016. Na ocasião, a empresa também vai expor looks desenhados por estilistas como Alexandre Herchcovitch, Pedro Lourenço, Gloria Coelho e Lilly Sarti, usando os seus tecidos. "Agora, além da inovação e qualidade que já trazíamos na nossa essência, temos uma boa experiência internacional", afirma Gilberto Stocche, diretor da companhia.

O executivo se refere à fusão entre a Santista Têxtil e a espanhola Tavex Algonodera, ocorrida em 2006. A junção das empresas deu origem à Tavex Corporation. Além de fábricas no Brasil e na Argentina, a nova companhia também contava com unidades no México e no Marrocos, para atender os mercados americano e europeu. "Mas 70% do nosso negócio sempre esteve na América do Sul", diz Stocche. Recentemente, a companhia se desfez das unidades do México e do Marrocos, mantendo as suas quatro fábricas no Brasil e uma na Argentina.

A empresa também manteve o seu centro de desenvolvimento de produtos, na Espanha. "Em 2012, passamos por uma reestruturação e, em 2013, tivemos o nosso melhor ano", aponta o executivo. "Agora, voltamos ao mercado como Santista Jeanswear, mais agressivos." De acordo com Stocche, a companhia pretende investir R$ 300 milhões na América do Sul, no próximos dez anos. "Somente este ano, 20% desse valor será investido no Brasil, para aprimorar a tecnologia têxtil e aumentar a produtividade."

O retorno ao nome Santista atende a uma demanda dos clientes da empresa. "O apego à marca sempre foi muito grande", diz Stocche, que afirma que a companhia possui, atualmente, coleções alinhadas com as principais tendências internacionais, porém adaptadas às necessidades do mercado nacional.

Para Sueli Pereira, o mundo vive uma retomada da moda jeanswear. "O jeans invadiu as passarelas", diz ela. E isso se deve ao desenvolvimento de novos artigos, mais finos e sofisticados, que permitem a criação de peças de alfaiataria. "Chamamos esse tipo de tecido de 'jeans couture', pelo toque acetinado e pela leveza." Outra tendência detectada pela Santista é o "jogging denim": um tipo de tecido que mistura elastano em sua trama e tem grandes propriedades elásticas. "Esse artigo, com aspecto de malha, tem a ver com a influência do sportswear na moda", explica Sueli. "A demanda pelo conforto não para de crescer, sobretudo na moda masculina.



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