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Setor de vestuário registra piora de desempenho

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

As vendas do varejo de moda caíram 7,3% em fevereiro em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado contrariou as expectativas de leve alta para o período e tornou um pouco mais difícil para o setor alcançar a meta de crescimento de 2,5% no ano, estimada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI).

Em 12 meses até fevereiro, o setor acumula queda de 2,2%. Nos 12 meses até janeiro, a retração era de 1,3%. O desempenho mostra que a estratégia de promoções não foi tão bem­sucedida quanto o esperado. No primeiro bimestre, os preços dos artigos de vestuário e acessórios caíram 17,2%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor ­ Amplo (IPCA).

A queda está associada ao período de promoções que se estendeu desde o fim de dezembro até março, com as varejistas tentando desovar estoques para trocar as coleções nas lojas. Para as empresas têxteis, há outros fatores negativos. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações de artigos de vestuário e outras confecções têxteis ainda crescem, mesmo com o dólar alto.

As importações da categoria cresceram 7,9% em março, frente ao mesmo mês de 2014, totalizando US$ 404,1 milhões. No primeiro trimestre, as importações cresceram 3,8%, para US$ 941,3 milhões, e, no ano passado, aumentaram 4,8%, para US$ 7,08 bilhões. A previsão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) para 2015 era que o ritmo de crescimento das importações seria menor, de 3,6%.

A produção nacional de artigos de vestuário e acessórios acumulou no primeiro bimestre queda de 17,1%, de acordo com dados do IBGE. "O cenário hoje está difícil para a indústria têxtil. Precisamos construir uma agenda para minimizar os impactos da crise no país, para voltar a crescer no ano que vem", disse Rafael Cervone, da Abit. Daniela Martins, analista da Concórdia, disse que o desempenho fraco do setor no primeiro trimestre pode ser compensando no segundo trimestre, considerando que neste ano não haverá Copa do Mundo.

"Os fatores macroeconômicos, no entanto, continuam difíceis, com a confiança do consumidor nas taxas mínimas históricas, inflação alta e custos mais altos de itens básicos, como transportes e alimentação, que reduzem a renda disponível para compra de vestuário", avaliou a analista. Outros fatores desfavoráveis, segundo Daniela, são o aumento nos custos de mão de obra, com o fim da desoneração da folha de pagamento, e a elevação nos custos de importação. Atualmente, em torno de 15% das linhas do varejo de moda são de itens importados, segundo a Abit.

No caso da Renner, o percentual de importados chega a 30%. Laurence Beltrão, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, disse que a companhia fortaleceu a estrutura que possui na Ásia para negociar melhor a compra de produtos da região. "Espero que essa estrutura e os novos relacionamentos com fornecedores possam fazer com que a empresa mitigue parcialmente ou compense a alta do dólar", disse.



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