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Dólar cai para R$ 3,05 com alívio político e dúvida sobre juros nos EUA
Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Economia
O dólar fechou em baixa nesta quarta-feira (8), e chegou a R$ 3,05, após o banco central americano mostrar divisão sobre quando deve iniciar a elevação dos juros nos Estados Unidos.
Contribuiu para a desvalorização da moeda americana o alívio nas tensões políticas no país, após a escolha do vice-presidente, Michel Temer, como novo responsável pela coordenação política do governo.
A avaliação de analistas é de que Temer ajudará a aproximar o governo do Congresso, o que facilitará a aprovação das medidas de ajuste fiscal.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 1,15% a R$ 3,08. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve desvalorização de 2,48%, para R$ 3,056.
O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, caiu 0,13%, aos 53.661 pontos.
ATA DO FED
O documento, divulgado nesta quarta-feira, mostrou que parte dos membros do comitê de política monetária defendeu um aumento dos juros no país já no mês de junho, enquanto alguns acreditam que a mudança pode esperar até 2016.
"Diversos participantes julgaram que os dados e a perspectiva econômica provavelmente permitiriam iniciar a normalização no encontro de junho", diz o documento.
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, a queda do dólar indica que o mercado "claramente acredita que o juro americano não irá subir a curto prazo e deve ter alta somente em 2016".
Na avaliação de Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, a ata demonstra que o Fed se preocupa com o impacto da valorização do dólar sobre a inflação e também sobre a atividade econômica nos EUA. A moeda americana forte prejudica as operações externas das empresas americanas e afeta a balança comercial do país.
"Mesmo quando o Fed subir os juros, o aumento será gradual, o que reduz a pressão sobre as moedas emergentes", ressalta.
Das 24 principais moedas emergentes, apenas nove fecharam em baixa em relação ao dólar nesta sessão.
CENÁRIO DOMÉSTICO
O anúncio de Temer como novo articulador político e também as declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que deve submeter a votação o projeto de terceirizações também provocaram a desvalorização da moeda no país, avalia Pedroso.
Além disso, pela manhã foi divulgado que a inflação oficial foi de 8,13% nos 12 meses terminados em março.
A inflação preocupante tem levado analistas de mercado a aumentar a projeção de aumento do juro básico do país (a taxa Selic), atualmente em 12,75% ao ano.
Os juros em alta são um atrativo para investimentos estrangeiros no mercado financeiro do Brasil, pois a remuneração dos títulos de renda fixa, que acompanha a taxa, tende a subir.
E com os juros baixos nos EUA, os investimentos estrangeiros devem permanecer por mais tempo em mercados emergentes, como o Brasil, que oferecem remuneração mais alta.
Diante da perspectiva de maior entrada de dólares no mercado brasileiro, o preço da moeda americana cai em relação ao real.
"Há uma entrada de investidores tanto para aproveitar preços baixos de ações na Bolsa quanto os juros na renda fixa. A desvalorização forte que o real sofreu acabou aumentando o apetite do investidor estrangeiro nesse momento em que a percepção é a de que o Fed (banco central americano) demore mais para começar a subir os juros nos EUA", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
BOLSA
Apesar de ter iniciado os negócios em alta, a Bolsa brasileira perdeu força impactada pelas ações da Vale e da Petrobras, que fecharam em baixa.
Os papéis preferenciais da Petrobras –mais negociados e sem direito a voto– tiveram queda de 2,66%, para R$ 10,60. As ações ordinárias, com direito a voto, caíram 2,49%, para R$ 10,56.
As ações preferenciais da Vale caíram 2,55%, para R$ 15,65, enquanto as ordinárias tiveram queda de 1,32%, para R$ 18,75.
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