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5 tendências do varejo para ficar de olho

Veículo: Textile Industry

Seção: Economia

Por Luis Vabo Jr., da Endeavor

104 edições… Nem o Oscar, com seus 87 anos de idade, é tão tradicional quanto o NRF Big Show!

A National Retail Federation, ou Federação Americana de Varejo, reuniu 35.000 pessoas em seu principal evento, que acontece todos os anos na fria Nova York.

Fria mesmo! A média de temperatura foi de -7ºC, com picos de -10ºC. Nada mal para quem vinha de 45º C de sensação térmica no Rio.

O gelo valeu por vários aprendizados que eu faço questão de compartilhar aqui.

O Brasil, como sempre, teve a maior delegação não-americana do evento, com quase 2.000 participantes.

Portanto, o evento é bom não só pelo conteúdo, mas também pelo networking, pois em geral são os presidentes e diretores das empresas que comparecem.

A estrutura do evento é gigante e muita coisa acontece simultaneamente com sessões de palestras, debates e a feira com stands dos principais fornecedores de varejo do mundo.

Este ano, o convidado de honra foi o Ben Bernanke, ex-presidente do Banco Central americano, que foi um dos responsáveis por tirar os EUA da crise subprime de 2008/2009.

A mensagem principal foi de otimismo. No ano passado, o convidado foi o ex-presidente George W. Bush.

Também esse ano, passaram pelo palco principal o presidente da Levi’s (que entrou cantando Beatles e falou dos valores da marca), o presidente do Walmart US, o visionário Juan Enriquez, entre outros palestrantes craques.

Muito legal também a participação de brasileiros nos palcos: C&A, GPA, GSMD e Netshoes.

Destaco abaixo os principais tópicos debatidos em todo evento:

1. OMNICHANNEL: não importa onde, é comércio

Não importa se o cliente compra na loja física, no e-commerce, no m-commerce, no s-commerce, se ele leva o produto no braço, se recebe em casa, se pesquisa preço ou compra por impulso… O que importa é que ele é seu cliente e quer ser bem atendido independente do canal.

Para isso, você precisará ter tecnologia, inteligência, time e processos adequados para isso. Essa foto resume bem o evento todo.

2. BIG DATA está mudando o mundo, até o dos esportes

Foram convidados gestores dos principais esportes americanos (tênis, futebol, futebol americano, basquete, hockey) com o objetivo de compartilhar as melhores práticas de Big Data num paralelo com o varejo.

Basquete: a NBA disponibilizou, gratuita e abertamente em seu site, todos os dados de todos os jogos e jogadores desde 1936.

Além disso, desde o ano passado, os times treinam com tecnologia vestível para monitoramento em tempo real, com o objetivo de aumentar o desempenho, antecipar ou prevenir lesões.

Futebol americano: a marca de moda Levi’s construiu, em parceria com o 49ers, um novo estádio recheado de tecnologia, formando um exemplo de marca que inova fora do âmbito esperado pelo mercado.

Futebol: nos intervalos dos jogos da Copa do Mundo, o goleiro da Alemanha recebia em seu iPad todas as estatísticas do primeiro tempo, para planejar a estratégia do segundo.

Big data está mudando os esportes e é incrível como a Fifa está atrasada na autorização do uso de tecnologia para aprimorar a experiência do torcedor.

O principal aspecto em que o big data pode ajudar um time é fazê-lo entender quem é seu fã. A Alemanha vendeu 3 milhões de camisetas ano passado. Recorde!

Tênis: a representante da WTA disse que o tênis está atrasado em relação aos demais esportes.

Pretendem lançar uma plataforma social própria para interagir melhor com seus fãs.

Em números: são 800 milhões de fãs de tênis no mundo. Apenas 5 milhões vão aos estádios. WTA só possui 40 mil em sua base de dados…

Saber quem são os fãs, quais são seus gostos e preferências, qual é seu perfil etc. faz com que se possa tratá-lo individualmente com ofertas e atendimento direcionados.

3. A presença em MOBILE passa a ser obrigatória

O assunto é tão importante que foi considerado um dos pilares do evento, que teve palestras e debates exclusivamente sobre Mobile. Já não é mais tendência, é realidade:

- Usuários com iPhone convertem 15% mais do que outros dispositivos (existem varejistas fazendo versões de site mobile diferentes, baseado no dispositivo).
– 19% das vendas in-store são influenciadas pelo mobile.
– 25% dos consumidores têm a expectativa que a experiência no mobile mude de acordo com o seu contexto. A experiência mobile da compra de passagem aérea deveria ser diferente antes e depois do embarque, por exemplo.
– As pessoas checam seus smartphones, em média, 185 vezes ao dia!!! Cada vez que isso acontece, é uma oportunidade que o varejista tem de interagir com o seu consumidor.

4. Estamos na era da EXPERIÊNCIA e da PERSONALIZAÇÃO

A sacada não é oferecer o mesmo preço em canais diferentes, mas sim oferecer o mesmo preço para o mesmo cliente em canais diferentes.

Um dos destaques foi para o trabalho do Centro de Inovação do eBay, que desenvolveu o conceito de interatividade da loja Rebecca Minkoff no SoHo, em NY, e também para os projetos de realidade aumentada, para moda e estádios.

O futuro será das personalizações que puderem gerar uma experiência incrível e individualizada para cada consumidor, que, por sua vez, terá cada vez mais acesso às tecnologias vestíveis, internet das coisas, drones, robôs, impressoras 3D, carros auto-dirigíveis e adaptações do próprio DNA, conforme palestra do visionário Juan Enriquez.

5. Vale cada vez mais investir na PRECIFICAÇÃO DINÂMICA

Foram nada menos do que 4 palestras sobre o tema, que está cada vez mais entranhado na operação das lojas virtuais americanas.

Muito interessante foi o caso de uma loja virtual que usa uma tecnologia que identifica qual concorrente afeta sua demanda, para que ela possa trocar o preço somente quando o concorrente relevante trocar, e não qualquer concorrente.

Um estudo mostrou também que a Amazon não foi a mais barata no Black Friday americano.

O Walmart conseguiu ser ainda mais agressivo, porém isto não está claro na mente dos consumidores.

Um sugestão de estratégia para implementar precificação dinâmica foi: começar pequeno, construir confiança em toda a organização em passos pequenos, alta direção patrocinando, medir resultados desde o início, pegar feedbacks com a equipe da ponta.

Não é da noite para o dia que se deve implementar. Hoje, 13% da troca de preços nos EUA é de 1 centavo para cima ou para baixo!

Em suma, o evento foi excelente para encontrar as pessoas e observar as tendências que em breve estarão por aqui.

Em 2016, você não pode perder!



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