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Crise da indústria afeta 70% dos produtos, segundo IBGE

A crise da indústria tem se ampliado. A produção caiu em sete a cada dez produtos pesquisados em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2014.

O chamado índice de difusão (70,2% dos 805 itens pesquisados tiveram queda) é o maior desde 2013, quando o IBGE passou a calculá-lo.

Houve retração em 24 dos 26 setores pesquisados.

A indústria caiu 9,1% frente a fevereiro de 2014 –maior queda desde julho de 2009, em meio à crise global. Na comparação com janeiro, recuou 0,9%. Em 12 meses, acumula queda de 4,5%.

O "efeito calendário", em que o Carnaval reduziu em dois dias úteis o mês de fevereiro em relação ao ano passado, tornou os dados "um pouco mais negativos".

A trajetória é "claramente declinante" e intensificada desde setembro, segundo André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE.

Houve também uma forte revisão do índice de janeiro –de alta de 2% para 0,3%.

A indústria sofre com estoques altos, crédito mais seletivo, juros mais altos, consumo enfraquecido por inflação e desemprego em alta.

ANO DIFÍCIL

"A queda de atividade da economia é clara, e a indústria ilustra essa tendência, que se intensificou neste primeiro trimestre, quando o PIB terá um resultado negativo", disse Vinícius Botelho, economista da FGV. Ele estima uma retração de até 0,5% de janeiro a março.

Com o resultado de fevereiro da indústria e a previsão de uma nova queda em março, o Bradesco projeta uma retração de 0,7%. O banco, em relatório, afirma que "ajustes em importantes cadeias, como construção e óleo e gás, deverão também limitar o desempenho da indústria neste ano". Ou seja, os reflexos da Operação Lava-Jato vão afetar o setor, que deve fechar 2015 com uma queda na faixa de 2,5% a 3%.

Para Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria, a crise da indústria cada vez mais disseminada entre setores e produtos revela uma freada compatível com a recessão econômica esperada para 2014.

SEM EFEITO DO DÓLAR

Em fevereiro, chamou atenção especialmente os tombos de veículos (33,9%) e equipamentos de informática (33,9%) –ambos dependentes de crédito.

Nem mesmo o real depreciado ajudou a indústria a vender mais para exterior ou substituir importações, segundo Macedo, do IBGE.

Isso porque a demanda interna muito fraca se sobrepõe ao possível ganho, e é preciso ainda mais tempo para sentir o efeito, pois exportadores e importadores esperam o câmbio se estabilizar num novo patamar para fecharem novos contratos.

Além disso, muitas moedas se desvalorizaram, o que minimiza o ganho de competitividade em relação a outros países. 



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