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Sustentabilidade ganha espaço
Veículo: Valor Econômico
Seção: Economia
Pequenas e médias empresas pernambucanas estão priorizando a responsabilidade social e ações de sustentabilidade em suas operações. No Grupo Julietto, com 12 lojas de fastfood, 90% do quadro de 255 funcionários vieram de projetos sociais ou são egressos do sistema prisional. Já a Refazenda, de criação de moda feminina, além do aproveitamento de resíduos de tecidos na produção, mantém parcerias com dez cooperativas de rendeiras do Nordeste.
"Tratamos a responsabilidade social com a mesma importância que cuidamos dos deveres fiscais e trabalhistas da empresa", diz Rose Guareschi, diretorapresidente do Grupo Julietto e uma das palestrantes convidadas da Maratona Valor PME 2015 NordesteLíderes Inspiradores. "Não contratamos pessoal por meio de currículo ou agências de emprego. Os candidatos chegam por conta da necessidade de inclusão social."
O Julietto foi criado em 2001 e já empregou mais de 1,5 mil pessoas em situação de risco. Funciona como uma empresaescola e procura treinar funcionários para o mercado. "Mais de 700 jovens entre 18 e 29 anos já passaram pelo grupo e estão empregados em outros locais", diz Rose. "A meta não é reter talentos. Renovamos 70% do quadro, a cada ano." Mesmo assim, a companhia mantém um plano de cargos e salários, com promoções a cada seis meses.
Com 12 lojas, o grupo vende 60 mil refeições ao mês. Em 13 anos, criou quatro marcas de fastfood: Julietto, de massas; Qin Xian, de comida oriental; Juba, com produtos baseados em batata, e Julietto Festa, de produção de doces e tortas. Os pratos são feitos em uma cozinha central e distribuídos nas unidades no mesmo dia ou no expediente seguinte.
A companhia faturou R$ 14 milhões em 2013 e ultrapassou R$ 16 milhões de faturamento, em 2014. Sobre 2015, a previsão de Rose é de um ano de desafios. "O aumento de desempregados em Pernambuco, por conta de problemas na refinaria Abreu e Lima, podem dificultar o nosso crescimento."
Mesmo com esse cenário, a empresária, que costuma reinvestir no negócio cerca de 15% do valor anual de vendas, está comprando um imóvel para uma nova central de produção e planeja abrir outros pontos de venda, no próximo ano. A expectativa de investimento é de R$ 4 milhões, entre junho de 2015 e fevereiro de 2016.
Para a estilista Magna Coeli, diretora-presidente da empresa de moda feminina Refazenda, os próximos meses devem trazer diminuição do crédito e inflação sem consumo. "Para não perder receitas, o pequeno empreendedor deve fortalecer a marca da sua empresa, por meio de divulgação e aumento de volumes de venda", diz a empresária, ao lado do sócio, Marcos Queiroz. O plano da dupla é combater a crise com expansão geográfica e novas categorias de produto.
A Refazenda, com 75 funcionários, foi criada em 1990 quando passou a reutilizar retalhos de tecidos gerados por outra empresa de confecções da família proprietária. Hoje, tem cinco lojas, quatro em Recife e uma em São Paulo (SP), e capacidade de fabricação de 20 mil peças ao mês. Na gestão da produção, não há desperdício de material têxtil e o excedente é transformado em matériaprima para outras roupas e acessórios. Dona de um faturamento de R$ 4 milhões em 2014, espera crescer 25% em 2015.
"Vamos abrir unidades em outras capitais, como Natal (RN) e Brasília (DF), e iniciar o ecommerce", diz Magna. A ideia é investir cerca de R$ 2 milhões no período. Há planos ainda de entrar nos segmentos de roupas masculinas e infantis, por meio de parceiros.
Além de contratos na área de estamparia com fornecedores europeus, Magna desenvolve um trabalho de coprodução com dez cooperativas de rendeiras em cidades do Nordeste, como Nísia Floresta (RN) e Pesqueira (PE). "O objetivo é manter uma relação de trabalho que impulsione as profissionais a explorarem suas habilidades, criando um vínculo em que os dois lados lucrem", afirma.
A Refazenda apoia as artesãs com o fornecimento de material e adiantamento de custos. Depois de finalizar as roupas, exibe os modelos às associações para que avaliem o resultado final. "Assim, elas têm a noção do valor do trabalho e se tornam ainda mais comprometidas com a nossa marca."
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