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Consumo do governo cresce 1,3% e dá um 'empurrão' na expansão da economia

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O consumo da administração pública ajudou a evitar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2014, a demanda do governo aumentou 1,3%, mais do que o consumo das famílias, que cresceu 0,9% no período. Foi a primeira vez desde 2003 que a alta dos gastos do setor público ocorreu em velocidade superior ao das famílias, quando esse componente do PIB caiu 0,7% e a demanda da administração pública subiu 1,6%.

Olhando o PIB pela ótica da demanda, esse foi o componente com maior crescimento no ano passado, já que os investimentos caíram 4,4% e as exportações tiveram queda de 1,1% em 2014.

O custo dessa "ajuda", porém, foi significativo, comenta Zeina Latif, economista­chefe da XP Investimentos. O esforço fiscal do governo diminuiu consideravelmente entre 2013 e 2014, quando o resultado primário do setor público passou de um superávit de 1,9% do PIB para um déficit de 0,6%.

Os dados não são diretamente comparáveis, afirma Zeina, já que o investimento público, por exemplo, é contabilizado como formação de capital fixo, entre outras diferenças metodológicas. "A correlação não é perfeita, mas o sinal sim. A expansão fiscal foi muito forte, mesmo em ano eleitoral."

Do ponto de vista contábil, afirma Zeina, esse aumento de gastos pode até ter evitado a queda do PIB, mas, olhando os impactos macroeconômicos da deterioração fiscal, a impressão que fica é que o aumento do gasto do governo atrapalhou o crescimento do setor privado.

"A inflação ficou mais alta, os subsídios distorceram incentivos, a eficiência da economia piorou", diz Zeina, para quem desfazer essa política é uma tarefa difícil, já que mexe com grupos de interesse. Por isso, é possível que os benefícios do ajuste fiscal demorem a aparecer.

Para Francisco Lopreato, professor do Instituto de Economia da Unicamp, os sinais, por enquanto, são de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está fazendo um "ajuste pelo ajuste", o que torna difícil imaginar de onde virá o crescimento nos próximos anos.

"O ajuste fiscal deve levar o consumo do governo a cair e já temos sinais de que a renda do trabalho está desacelerando, o que sugere redução do consumo", diz Lopreato, para quem apostar nas exportações parece temerário, já que o ritmo de expansão da economia global segue limitado.



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