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Dólar segue exterior e recua para R$ 3,14
Veículo: Valor Econômico
Seção: Economia
A menor aversão a risco no exterior e a trégua da tensão no cenário político doméstico trouxeram um alívio para o câmbio. O dólar fechou em queda em relação ao real, o que deu suporte para o recuo dos juros futuros. Investidores, no entanto, seguem atentos à decisão do Banco Central sobre o futuro do programa de swaps cambiais, que termina em 31 de março, e ao Relatório Trimestral de Inflação, que será divulgado na quintafeira.
Ontem, o dólar caiu 2,64% e encerrou a R$ 3,1442. O real liderou os ganhos no câmbio com as principais moedas.
Lá fora, o dia foi de correção, após o recente rali do dólar. Dados econômicos mais fracos que o esperado nos Estados Unidos reforçaram a expectativa de que o banco central americano possa adiar o início da alta da taxa básica de juros.
Investidores, contudo, veem esse movimento como uma correção pontual e não como uma mudança de tendência para o dólar, que deve continuar se fortalecendo no médio e longo prazos. "A tendência do câmbio é de desvalorização, uma vez que a situação da conta corrente está muito ruim", afirma Paulo Petrassi, sóciogestor da Leme Investimentos.
No Brasil, as dúvidas no mercado de câmbio se concentram na renovação do programa de swaps cambiais. Há a expectativa de que o presidente do BC, Alexandre Tombini, possa dar alguma sinalização sobre o futuro da "ração" diária na audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, prevista para hoje. "Acho que o BC está dando sinais de que vai parar com o programa. Mas o mercado, de forma geral, acredita que ainda haverá alguma compensação, que pode vir com rolagens integrais dos swaps vincendos", diz o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Para o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater, a queda do dólar ontem apenas "limpa" as posições do mercado e prepara terreno para a divisa alcançar novas máximas. "Não vejo motivos para a trajetória do dólar mudar agora." Abucater avalia que o BC deve encerrar a "ração" diária, o que pode levar o mercado a puxar o dólar para cima.
Petrassi, da Leme, destaca que o menor temor com o rebaixamento do rating soberano também ajudou a reduzir a pressão no câmbio. A expectativa é que as agências de classificação de risco, após terem se reunido com a equipe econômica no início do mês, deem mais tempo para o governo mostrar que está em processo de ajuste das contas públicas. Ontem, a Standard & Poor's reafirmou o grau de investimento do Brasil, mantendo a nota em perspectiva estável.
Apesar do alívio do câmbio, as expectativas de inflação continuam altas e têm impedido o recuo das projeções para 2016.
O mercado espera que o BC esclareça no Relatório Trimestral de Inflação a sua visão de uma convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016. Isso é algo que o mercado tem questionado.
No Boletim Focus divulgado ontem, a mediana das projeções dos analistas para a inflação no fim de 2016 era de 5,61%. "Ninguém acredita que a inflação deve cair para 4,5% em 2016 e o BC deveria sinalizar no RTI que essa convergência para a meta será alcançada em um período mais longo", diz Petrassi.
O mercado ainda reajustou a projeção para a inflação em 2015, cuja mediana das estimativas aumentou para 8,12%, de 7,93% da semana anterior.
Ontem, os juros futuros recuaram, acompanhando o câmbio e a queda dos rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano). A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 fechou a 13,6% ante 13,69% do ajuste do pregão anterior, enquanto o DI para janeiro de 2021 encerrou a 12,99% ante 13,1% do ajuste de sexta-feira.
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