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Problema do Brasil é político e não econômico, diz professora de Harvard
Veículo: Folha de São Paulo
Seção: Economia
O problema do Brasil não é econômico e, sim, político. A avaliação é de Laura Alfaro, professora da Harvard Business School e ex-ministra de Planejamento e Política Econômica da Costa Rica (2010-2012).
"A nova equipe econômica nomeada pela presidente Dilma Rousseff mudou de direção e sabe o que tem que fazer. A economia é onde não está o problema hoje", disse ela à Folha, em passagem por Buenos Aires.
"O pior é o problema político, é votarem contra o pacote de ajuste fiscal", disse Alfaro.
Em recente visita ao Brasil, a economista se disse surpresa com o pessimismo que encontrou, tanto de pessoas comuns quanto o de analistas.
Para ela, o risco de apagão de energia e de falta de água aumentou a irritação das pessoas e formou um caldo de insatisfação generalizado.
"Vamos ver se não haverá cortes de energia, isso sim afetaria muito a atividade econômica, e como se resolve a situação política. A meu ver, o impeachment seria um erro", afirmou.
Sua avaliação, pós crise financeira global, é que os países latino-americanos que adotaram mais políticas heterodoxas, com aumento de gastos públicos e expansão monetária (redução estimulada de juros e aumento de crédito), são os que mais sofrem para se ajustar neste momento, a exemplo do Brasil.
Além disso, os governos acionaram políticas que incentivaram os empresários a buscarem benefícios setoriais, em vez de melhorar problemas de fundo, como a infraestrutura ineficiente.
"Muitos dos problemas não se resolvem com política monetária", disse ela.
Em oposição, Alfaro diz que encontrou na Argentina um clima mais otimista entre economistas e empresários do que no Brasil, o que contrasta com os fundamentos econômicos dos dois países.
"Acho que estão subestimando o ajuste tarifário que terá que ser feito pelo próximo governo argentino", disse ela. "A economia argentina está tão distorcida que ninguém sabe [o tamanho do ajuste a ser feito]".
A Argentina dá subsídios aos consumidores de energia elétrica desde a crise de 2001. Retirar esses amortecedores de preço poderá elevar (a já explosiva) inflação do país.
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