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Recuperação é soluço positivo em crise prolongada

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O crescimento de 2% na produção industrial de janeiro é uma recuperação ainda temporária e que não repõe a perda acumulada no último trimestre de 2014. Algo como um soluço positivo. Além disso, não há nada na conjuntura doméstica que permita dizer que o pior passou para a indústria e que algum dos 13 setores (em 24) que cresceram em janeiro estejam em trajetória de recuperação.

A crise atual é bem diferente daquela de 2009, quando a produção caiu abruptamente (em apenas seis meses o nível de produção recuou 18 pontos, pelo critério de média móvel trimestral). Depois de chegar ao fundo do poço (no início de 2009), a indústria entrou em recuperação consistente. Mês a mês o nível subia, e em 14 meses estava de volta ao momento anterior à queda. Foi uma recuperação consistente e paulatina.

Agora, o processo é inverso. É a queda que tem sido consistente e paulatina. A produção recua (com pequenos soluços positivos) desde meados de 2013. Em junho de 2013, o índice de produção do setor de transformação estava em 104,4 (média trimestral). Hoje, está em 94,7 ­ recuo de dez pontos. Embora a queda ainda seja menor do que a de 2009, os impactos negativos dessa crise são maiores e tendem a se agravar.

Todo cenário macroeconômico indica perda de dinamismo. Com raras exceções, os economistas projetam PIB negativo neste ano, com aumento de juros, inflação alta, ajuste fiscal, perda de confiança, risco de racionamento, aumento de desemprego, cenário político conturbado e ameaça de perda do grau de investimento do país.

Esse é o segundo dado positivo da indústria em janeiro. O setor de transformação encerrou o mês com contratações líquidas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 27,4 mil vagas. Entre os setores que contrataram mais, estão indústria calçadista (7,5 mil empregos), mecânica (3,9 mil) e a têxtil (3,4 mil).

Em janeiro, esses setores também produziram mais: 2,7% em calçados, 9% em máquinas e equipamentos e 5,6% em têxteis. Em todos eles, contudo, nem a produção recupera a perda do último trimestre, nem o emprego repõe as vagas cortadas no fim do ano passado.

O aumento de 2% na produção foi ajudado pelo setor extrativo, apesar da crise na Petrobras. Nesse segmento, a alta foi de 2,1%, enquanto no setor de transformação o aumento foi de 1,8%. Na comparação com janeiro do ano passado, a queda foi de 5%, percentual que será expressivo até março e depois deve melhorar, beneficiado pela base baixa de comparação, já que a Copa afetou a atividade em 2014.



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