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Cresce pessimismo do mercado sobre contas públicas deste ano

 

Veículo: Folha de São Paulo

Seção: Economia

As expectativas do mercado para os principais resultados das contas públicas fecharam fevereiro com piora –e o aumento do pessimismo se estendeu ao desempenho do próximo ano.

Apurados em pesquisa semanal do Banco Central, os números mostram a percepção geral de que, além da dificuldade em elevar a arrecadação enquanto indústria e comércio vivem uma retração, o governo terá de pagar juros mais altos aos credores.

As projeções dos cerca de cem bancos, consultorias e entidades consultadas haviam melhorado em janeiro, com as mudanças na equipe econômica, mas não resistiram à sucessão de más notícias na economia e política.

A maioria já duvidava da viabilidade da meta fiscal de 2015 –uma poupança de R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do PIB; agora, o ceticismo alcança também os 2% do PIB prometidos para 2016. No primeiro caso, o resultado esperado caiu de 1,15%, no final de janeiro, para 1%. No segundo, a aposta no cumprimento da meta deu lugar à expectativa de 1,9% do PIB.

Os dados ajudam a entender a ofensiva do ministro Joaquim Levy, da Fazenda, que nos últimos dias anunciou cortes adicionais de gastos e aumento nas alíquotas de empresas beneficiadas pela desoneração da folha.

Por mais que previsões estejam sujeitas a erros, Levy considera fundamental para a recuperação da economia o restabelecimento da confiança nas contas do governo.

É possível que as medidas mais recentes –e os resultados fiscais acima do esperado nos Estados em janeiro– favoreçam as expectativas nas próximas pesquisas. Mas a tarefa é vista como difícil.

"As novas medidas de contenção fiscal e a análise dos dados de janeiro" indicam que a meta de superavit primário neste ano ainda pode ser atingida, "embora o desafio seja grande", diz relatório distribuído nesta segunda (2) pelo Itaú Unibanco, que manteve sua projeção para o ano –mas "com riscos de baixa".

Do lado financeiro das despesas, o Tesouro deverá arcar com taxas acima do esperado para vender títulos no mercado. Com a alta contínua das projeções de inflação, os juros esperados ao final de dezembro subiram de 12,5% para 13% anuais. Isso significa dívida pública em alta neste ano e no próximo.

Os economistas ouvidos também projetaram queda de 0,58% no PIB deste ano (seria a maior retração desde 1990, quando o PIB diminuiu 4,35%) e inflação fechando o ano em 7,47%. 



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