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Otimista no plano pessoal, brasileiro espera alta de preço e menos emprego

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A maioria dos brasileiros aposta em um 2015 com preços mais altos, aumento de impostos e mais insegurança no emprego. Pesquisa feita pelos institutos Data Popular e Ideia Inteligência em 259 cidades no fim de janeiro mostra que o pessimismo da população em geral em relação à economia é disseminado ­ 75% dos 78,2 mil entrevistados acreditam que o ano será pior para o emprego, 62% acham que haverá aumento de impostos e 85% sentem que os preços continuarão subindo.

Em relação aos salários, 52% responderam que não acreditam que eles terão aumento em 2015; 36% acham que o aumento será abaixo da inflação e só 5% acreditam que haverá aumento real.

Mesmo diante das expectativas ruins, 55% disseram acreditar que a vida pessoal vai melhorar neste ano. Para o sócio­diretor do Data Popular, Renato Meirelles, a aparente contradição é explicada pela percepção comum entre os brasileiros de que o avanço pessoal está mais ligado à força de vontade do que à realidade retratada no noticiário. "Se a economia piorar, ele vai fazer um bico de fim de semana, vai começar um curso para conseguir um emprego melhor", exemplifica.

Ainda assim, completa, o nível de otimismo em relação à própria vida é o menor dos últimos dez anos ­ em períodos anteriores, quase 70% dos entrevistados responderam positivamente a perguntas semelhantes. "A desilusão não é maior ainda porque o desemprego ainda não cresceu", pondera Meirelles, ao chamar atenção para os efeitos que a piora no mercado de trabalho pode ter sobre as expectativas da população no decorrer deste ano.

Apesar de o panorama ruim estar disseminado, o Nordeste aparece no levantamento como a região menos pessimista. O Sul por sua vez, registra as piores expectativas. Mais do que cultural, a diferença, ressalta o diretor do Data Popular, reflete a dinâmica de crescimento da renda real nos últimos anos. No Nordeste, o rendimento domiciliar continua entre os mais baixos do país, argumenta, mas foi o que sofreu as maiores altas no período recente. Lá, 68% acreditam que este ano será pior para o emprego, 46% pensam que os impostos vão aumentar e 80%, que os preços vão subir.

Entre os entrevistados da região Sul, 81% veem em 2015 um ano pior para o emprego, 81% apostam no aumento de impostos e 90%, na alta geral dos preços. Ainda segundo a "Pesquisa Radar Ideia Popular Expectativa dos Brasileiros para 2015", apenas 44% acreditam que a vida vai melhorar neste ano ­ contra 62% no Nordeste e 65% no CentroOeste.

O Nordeste está entre as regiões que mais reduziram a pobreza extrema nos últimos anos. Números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que, entre 2012 e 2013 (dados mais recentes), a parcela de famílias nordestinas com renda per capita menor do que um quarto de salário mínimo caiu 2,7%, para 14,5% do total de domicílios. No Sul e Sudeste, a perda de rendimentos na base da pirâmide levou esse grupo a crescer 4,8% e 8%, respectivamente. Nas duas regiões, a fração de famílias com renda per capita de até um quarto de salário mínimo passou a ser de 2,2% e de 2,7% no período, também nessa ordem.



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