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Estimativas indicam fechamento de 26 mil postos de trabalho em janeiro

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A deterioração da atividade econômica e o consequente enfraquecimento do mercado de trabalho esperados para 2015 já serão observados desde o início do ano, segundo economistas. A estimativa média de 12 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que 25,9 mil postos de trabalho formais foram fechados em janeiro, período que não costuma registrar demissões líquidas. A última vez que isso ocorreu foi em 2009, quando o saldo entre contratações e desligamentos foi negativo em 101,7 mil no primeiro mês do ano.

As projeções para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a ser divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta semana, vão de destruição de 54,9 mil vagas até saldo nulo. Em janeiro de 2014, 29,6 mil postos com carteira assinada foram criados.

Na ponta mais pessimista das previsões, Fabio Romão, da LCA Consultores, avalia que as demissões vão superar as contratações em 54,8 mil postos em janeiro, depois de redução líquida de 555,5 mil empregos em dezembro. Como, no entanto, a sazonalidade do último mês do ano já é marcada por dispensas, algo que não costuma ocorrer no mês seguinte, Romão calcula que, feito o ajuste sazonal da consultoria, o saldo negativo de vagas vai aumentar de 32 mil para 43 mil na passagem mensal, o que reforça a análise de que a geração de empregos formais deve piorar em relação ao fim do ano passado.

No dado sem ajuste sazonal, o resultado negativo esperado para janeiro deve ser influenciado principalmente pelo comércio, que costuma demitir temporários contratados para as festas de fim de ano nesta época e, nas estimativas da LCA, deve ter fechado 84 mil postos no período, pouco acima das 78 mil dispensas registradas em igual mês de 2014. "Algumas vezes, esses temporários se tornam efetivos, algo que o ritmo atual da atividade econômica não chancela", diz Romão.

Segundo o economista da LCA, indústria e construção civil, que têm sido destaques de baixa na criação de empregos com carteira, também devem ter comportamento fraco no primeiro mês do ano, ainda que sem demissões. O analista estima que a indústria de transformação abriu apenas 9,3 mil vagas em janeiro ­ bem abaixo do saldo positivo de 38,5 mil postos registrado em igual mês de 2014 ­ enquanto a construção ficou estável ­ 598 vagas a menos. No primeiro mês do ano passado, esse setor criou 38 mil empregos formais.

Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, prevê um saldo negativo um pouco mais moderado para o mês passado, de menos 10 mil empregos, mas também afirma que há uma desaceleração adicional do mercado de trabalho em curso, depois de um 2014 já de perda de fôlego. "A história não é muito diferente do que já vínhamos observando: aindústria está puxando a geração de empregos para baixo em um ambiente muito ruim da atividade", afirma Bacciotti. Em sua avaliação, as notícias de férias coletivas no setor e o processo de ajuste de estoques impedem que a dinâmica do emprego melhore nos próximos meses.

O economista da Tendências destaca que, de acordo com a série dessazonalizada pela consultoria, indústria e construção civil estão demitindo há dez meses consecutivos, trajetória que deve continuar daqui para frente. Já os serviços ainda tendem a contratar mais do que cortar postos, diz Bacciotti, mas não estão imunes à piora da economia e certamente vão gerar menos vagas neste ano. Considerando apenas dados enviados dentro do prazo legal ao Ministério do Trabalho, Bacciotti estima que a criação de empregos acumulada no ano vai diminuir de 152,7 mil em 2014 para 100 mil em 2015.

Depois de a LCA ter revisado a estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano para retração de 1%, incluindo um racionamento de energia elétrica, Romão reviu para baixo a previsão para o saldo do Caged em 2015, de 260 mil para 119 mil vagas. A principal influência para a mudança partiu da indústria, que, na nova projeção, terminará o ano com fechamento de 147 mil postos, seguido de 185 mil demissões líquidas em 2014.



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