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Disparada do câmbio surpreende e dá alguma ajuda ao setor

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O recente movimento de desvalorização cambial surpreendeu economistas e analistas da indústria e de comércio exterior pela rapidez ­ ontem o dólar chegou a bater R$ 2,90. Caso se mantenha no nível atual, o real mais fraco deve dar uma pequena ajuda ao saldo comercial neste ano e aumentar o número de empresas exportadoras. A inflação persistente, o recuo dos preços das commodities e o movimento global de fortalecimento do dólar, no entanto, retiram força do ganho de competitividade dado pelo câmbio.

Apesar da preocupação das empresas com a volatilidade, indústrias já trabalham com a expectativa de dólar médio a R$ 3 em 2015, contra cerca de R$ 2,50 projetados no fim do ano passado, diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para ele, condições externas estão influenciando a desvalorização do real frente ao dólar, já conduzida por fatores domésticos.

"A oscilação dos preços do petróleo e a situação da Rússia estão fazendo os investidores aplicar em títulos americanos, o que pressiona o dólar", diz ele, que destaca, porém, que apesar da tendência de desvalorização há uma volatilidade muito forte no câmbio. Roriz pondera que o dólar mais caro é melhor para a competitividade da indústria, mas as flutuações intensas deixam o exportador receoso.

De acordo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o dólar deve oscilar ao redor de um patamar de R$ 2,80 ao longo de 2015, o que deve incentivar mais empresas brasileiras a buscar o mercado externo para vender produtos. Ano passado, 22,3 mil empresas exportaram. Neste ano, a AEB projeta que o total de exportadores deve crescer entre 5% e 10%.

Os setores de calçados, confecções, têxteis e de móveis, menos intensivos em tecnologia, são os que se beneficiam mais rapidamente da desvalorização cambial. O efeito maior do real mais barato deve aparecer nas estatísticas de comércio exterior no segundo semestre.

"Esse incentivo à exportação será mais direcionado e absorvido pelos Estados Unidos, que vão crescer neste ano. A América do Sul, tradicional compradora de industrializados brasileiros, vai diminuir importações neste ano. Mesmo o real mais fraco não vai ser suficiente para impulsionar as vendas para a região", diz.

Parceiros comerciais importantes do Brasil, como Argentina e Europa, também registram desvalorização de suas moedas contra o dólar, observa Rodrigo Alves de Melo, economista­chefe da Icatu Vanguarda. Por isso, diz, a contribuição do real mais fraco para a balança comercial em 2015 pode ser modesta. Ele estima superávit entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões neste ano.



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