Notícias

Custo de produção sobe 10% e energia preocupa

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A alta de 20,6% do dólar nos últimos 12 meses tornou a produção têxtil nacional mais competitiva ante as importações, mas também encareceu os custos dos fabricantes, que usam matérias­primas importadas ou cotadas na moeda americana. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) calcula que houve um aumento médio de 10% nos custos de produção do setor.

"Os preços do algodão e da fibra sintética caíram mais que a alta do dólar, mas não o suficiente para compensar outros insumos, como energia e água", disse Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit. Segundo a Abit, em 12 meses até janeiro, o preço médio do algodão em reais baixou 24% para os fabricantes. "O mesmo aconteceu com a poliamida", disse.

Para João Paulo Reginatto, diretor­superintendente da Sultêxtil, fabricante de tecidos de Caxias do Sul (RS), o dólar na faixa de R$ 2,85 ainda é "muito barato" para reverter o processo de desindustrialização do setor. Em janeiro e fevereiro, a empresa produziu e vendeu 2% menos em valor e volume na comparação com o mesmo período de 2014. E o cenário não é muito melhor para os próximos meses. Os aumentos de impostos e custos com energia, por exemplo, reduziram a competitividade da empresa, disse o executivo.

A fabricante paulista de tecidos Savyon, que produz 120 toneladas por mês, informou que seus custos aumentaram entre 8% e 9% neste ano. Renato Bitter, diretor­geral da Savyon, disse que entre os custos inesperados, teve de contratar caminhões­pipa para abastecer a fábrica, localizada na capital paulista, devido à escassez de água. "O problema maior é se houver apagões, porque não temos uma solução para isso", disse.

A Canatiba, que produz denim, enfrentou quedas de energia na fábrica de Santa Bárbara D'Oeste (SP). "Como é uma época de produção menos intensa, não tivemos um grande prejuízo, mas é um fator de preocupação", disse Fabio Covolan, diretor de marketing da Canatiba. Para a fabricante de jeans MHL Empreendimentos, o maior risco para o segmento é a falta de água. Maher Ayache, sócio da MHL, disse que duas de quatro lavanderias que contratava fecharam e que o preço médio por peça subiu de R$ 10 para R$ 16 neste ano. "O maior problema é que, sem água, as indústrias de denim terão que parar de produzir para importar as peças prontas", alertou.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar