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Dólar segue cenário externo e perde força

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

Após permanecerem fechados por dois dias por conta do feriado de Carnaval, os mercados de câmbio e juros futuros reabriram ontem, em dia marcado pela divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do banco central americano.

O tom mais "dovish" (inclinado ao afrouxamento monetário) que o esperado do documento levou o dólar a zerar os ganhos no fim do pregão e encerrar praticamente estável, em ligeira alta 0,01% a R$ 2,8316, acompanhando o movimento no exterior.

No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 recuou no "after market", após ter fechado em alta, a 12,67% ante 12,54% do pregão anterior, em movimento de ajuste após a recente alta das taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries).

A ata destacou que muitos membros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) acham que a elevação prematura da taxa de juros pode prejudicar a recuperação economia americana. Isso levou à redução das apostas de que a autoridade monetária pode começar a subir a taxa de juros em junho, podendo postergar essa decisão para o fim do ano.

Para a economista ­chefe da Arx Investimentos, Solange Srour, a ata deixa claro que o início da elevação da taxa básica de juros nos EUA não é para o curto prazo e trouxe dúvida sobre a possibilidade de retirada da expressão de que o Fed deve ser "paciente" em subir a taxa de juros no comunicado da próxima reunião do Fomc em março. A remoção dessa expressão é vista como um primeiro sinal para normalização da política monetária americana. "Esperávamos que eles retirassem essa expressão já na próxima reunião para começar a subir a taxa de juros em junho, mas agora estou com dúvida."

Para Solange, o que tem levado o Fed a ser cauteloso é o risco de uma inflação muito baixa nos EUA, que ainda está muito longe da meta de 2%. "Acho que o Fed começa a subir a taxa de juros neste ano, a não ser que se tenha um movimento de um dólar mais forte e queda do preço do petróleo, que levem a um recuo da inflação." Para Solange, o discurso ainda "dovish" do Fed não deve trazer muito alívio para o real. "O patamar mais baixo do real se deve mais a fatores domésticos que externos, como o crescimento econômico fraco, risco político na aprovação das medidas de ajuste fiscal e risco de racionamento de energia elétrica.

"No mercado local, a projeção dos analistas no último Boletim Focus divulgado ontem mostrou avanço na perspectiva para o câmbio para o fim de 2015, que passou de R$ 2,80 para R$ 2,90. Com um dólar mais alto, os analistas ajustaram a projeção para a inflação em 2015, de 7,15% para 7,27%, o que deve levar a uma alta da taxa Selic para 12,75% no fim do ano.

Na BM&F, o DI para janeiro de 2016 fechou estável a 13,18%.

Ontem, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em reunião com os investidores em Washington que é possível atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB, mesmo após o déficit de 0,6% do PIB registrado em 2014, mas as decisões devem ser tomadas "com presteza".

Levy ainda destacou que o governo estuda tomar novas medidas, havendo espaço para cortar algumas despesas discricionárias.



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