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Participação da indústria encolhe mais

 

Veículo: Valor Econômico
Seção: Economia

O espaço da indústria é cada vez mais limitado em São Paulo. De 1999 a 2012, a participação do setor na economia do município caiu de 25,5% para 18,1%, conforme dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor adicionado bruto da indústria paulistana atingiu R$ 73,6 bilhões em 2012. Apesar da evolução em termos financeiros absolutos ao longo dos últimos anos, houve quedas expressivas no posicionamento relativo. As atividades industriais no município passaram a responder por 25,5% do setor no Estado de São Paulo, ante 32,5% registrados em 1999. Em 14 anos, a fatia da indústria paulistana na nacional encolheu de 13,3% para apenas 7,6%.

De maneira macro, a indústria tem perdido participação no PIB do país devido à baixa competitividade. Porém, há um conjunto de fatores específicos que influenciam a retração do setor na capital. Um deles é que os serviços avançaram em ritmo acentuado. Há também um movimento de desconcentração em curso no setor.

 

"Há uma migração de indústrias, não necessariamente fechamento e reabertura, mas uma expansão rumo ao interior de São Paulo e ao resto do país para se aproximar de mercados consumidores em crescimento ou outros polos logísticos. No entanto, temos que considerar também os incentivos fiscais", afirma Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tendência, diz, é que a distribuição geográfica das indústrias se torne cada vez mais equilibrada no país em função da redução das desigualdades econômicas, o que é positivo.

Conforme estudo da CNI "Perfil da Indústria nos Estados", a participação do Estado de São Paulo no PIB industrial nacional caiu para 29,8% em 2012 - perda de 7,9 pontos percentuais no PIB industrial nacional em dez anos. Em contrapartida, entre 2002 e 2012, as indústrias do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Pernambuco e Goiás foram as que mais ampliaram suas contribuições no PIB nacional do setor.

"Por um lado, a descentralização da indústria é benéfica ao tornar o país economicamente mais homogêneo. Mas quando se trata da guerra fiscal entre Estados o efeito é negativo pois gera falta de isonomia, distorções que comprometem até mesmo as empresas de um mesmo setor. Um claro exemplo disso é a indústria automobilística", diz Paulo Francini, diretor do departamento de economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para Nelson Marconi, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP), a indústria automobilística, apesar de ter apresentado crescentes níveis de produção no Brasil nos últimos anos, se deslocou para fora do Estado de São Paulo e diminuiu a atuação dos fornecedores na região do ABC paulista e, inclusive, na capital. "Na cidade de São Paulo há indústrias de autopeças, plásticos e vidros. Diminuiu a participação desse encadeamento", explica Marconi. Conforme ele, de 2002 para cá a indústria automobilística cresceu 13% menos no Estado de São Paulo do que no resto do país.

O professor da FGV ressalta ainda que a cidade de São Paulo vivencia uma transferência natural da indústria para outras localidades devido ao encarecimento da mão de obra e aos altos custos referentes aos aluguéis ou aquisições de terrenos já bastante escassos.

"Por causa da valorização dos terrenos e pela dificuldade de logística de movimentação de pessoal, especialmente as indústrias de grande porte tendem a se afastar da cidade", completa Francini. Um levantamento do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho indica a predominância de indústrias de pequeno porte (97%) na capital paulista e na microrregião que envolve os municípios de Caieras, Embu-Guaçu, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapecerica da Serra, Juquitiba e São Lourenço da Serra. Os principais setores da indústria de transformação, em número de estabelecimentos e em empregos formais, são confecção de artigos do vestuário e acessórios, produtos de metal, produtos de borracha e material plástico, impressão e reprodução de gravações, máquinas e equipamentos, produtos alimentícios, têxteis, móveis, equipamentos de informática, químicos e autopeças.

"São indústrias menores como pequenas confecções e empresas de informática e software que convivem melhor com a cidade. Não é possível instalar uma usina metalúrgica pela sua natureza, por questões ambientais, assim como pela dimensão", comenta Francini. Na região pesquisada pela Fiesp, que inclui a cidade de São Paulo e sete municípios do entorno, a indústria é responsável por 16,5% dos empregos formais.



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