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Para o Fundo, Brasil adota medidas corretas

 

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

As medidas anunciadas pela equipe econômica brasileira nas últimas semanas estão na direção correta, devendo contribuir para melhorar a hoje baixíssima confiança empresarial, embora haja muito mais a ser feito no front fiscal e também no estrutural, disse ontem o diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner. Ele ressaltou que reconquistar a confiança é algo "muito duro" e que o Brasil precisa impulsionar o investimento e a produtividade.

Werner também afirmou que as "questões de governança" envolvendo a Petrobras e algumas empresas de construção podem ter algum impacto sobre a infraestrutura em 2015. Segundo ele, a incerteza a respeito desse assunto "pode ter algum efeito no crescimento e no investimento", que estariam implícitos nas estimativas do Fundo. Na terça-feira, a instituição reduziu a estimativa para este ano de 1,4% para 0,3%.

O diretor do FMI elogiou os anúncios feitos pelo governo brasileiro "no último mês e meio", a começar pela definição de objetivos claros para as metas fiscais de 2015 e 2016. "Isso foi bem recebido por todos os analistas econômicos", disse Werner, acrescentando que as medidas sobre pensão por morte, seguro-desemprego e impostos são passos acertados.

Ele elogiou as linhas gerais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tem defendido a necessidade de realinhar preços relativos, ajustar as contas públicas e conter a inflação. Werner destacou o compromisso do banco central de levar o IPCA para a meta de 4,5%, e de atingir esse objetivo num contexto em que o câmbio absorve choques e se reduz a intervenção do BC no mercado de moeda estrangeira. Também o agradou a intenção de desacelerar o ritmo de expansão do crédito dos bancos públicos.

"Todo esse pacote está na direção correta e nós esperamos que isso terá um efeito importante sobre a confiança e a estabilidade brasileira, embora haja muito mais a ser feito, tanto no front fiscal quanto no estrutural." Segundo ele, é fundamental uma taxa de investimento mais alta e um ritmo mais forte de expansão da produtividade. "Esses são grandes desafios. A agenda de infraestrutura toca em parte dessa questão, mas há muitos assuntos estruturais para serem abordados."

Ao comentar o baixo crescimento, Werner disse que o Brasil está num período de transição, com várias medidas sendo implementadas para conter a inflação e consolidar as contas públicas. Ao mesmo tempo, houve um esgotamento dos efeitos das políticas anteriores para estimular o consumo e o emprego. É preciso mudar as fontes de crescimento, antes concentradas na demanda interna, para o investimento e as exportações.

Em post no blog do FMI, Werner escreveu que a confiança privado continua "teimosamente fraca", mesmo depois que a incerteza relacionada às eleições se dissipou. Na entrevista, Werner falou sobre os motivos que, para ele, explicam esse fenômeno. Como se trata de um indicador "extremamente cíclico", não é surpresa que ela esteja baixa depois de um período prolongado de baixo crescimento. Além disso, acrescentou, incertezas sobre os quadros macro e microeconômico derrubaram a confiança dos empresários. Para completar, há incertezas globais, como as reduções nas previsões do crescimento para a zona do euro e a China e o tombo do petróleo.



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