Notícias
Dólar fecha em queda com piora da perspectiva para economia global
SÃO PAULO - A perspectiva de enfraquecimento da economia global e a queda do preço do petróleo reforçam a visão de que os bancos centrais podem ter de manter por mais tempo suas políticas acomodatícias, o que levou ao enfraquecimento do dólar frente às principais divisas. No mercado interno, a melhora da percepção dos investidores em relação ao Brasil, após as sinalizações de ajuste fiscal pela nova equipe econômica, ajudou a intensificar esse movimento, com o real fechando no maior patamar desde 10 de dezembro de 2014.
O dólar comercial caiu 0,66%, encerrando a R$ 2,6206. Já o contrato futuro para fevereiro recuava 1,09% para R$ 2,63.
A queda das taxas de juros dos títulos soberanos dos principais países desenvolvidos levou a um ajuste de posições no mercado de câmbio.
Investidores já consideram a possibilidade do Federal Reserve adiar a alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos diante do enfraquecimento da economia global, podendo postergar a normalização da política monetária para o fim deste ano ou mesmo para 2016.
O rendimento do título do Treasury de dez anos chegou a cair abaixo de 1,80% em movimento de fuga para ativos considerados porto seguro, atingindo o menor nível desde maio de 2013, quando o Fed sinalizou pela primeira vez a possibilidade de encerrar o programa de compra de ativos, conhecido como “quantitative easing”.
Já o yield do título do Tesouro americano de 30 anos atingiu o recorde de baixa após os dados mais fracos que o esperado das vendas no varejo nos Estados Unidos, que recuaram 0,9% em dezembro, ante queda de 0,2% esperada pelo mercado.
Na Europa, os juros dos bônus de França, Alemanha e Itália bateram novos pisos históricos.
Investidores reagem as estimativas de crescimento econômico global do divulgadas ontem pelo Banco Mundial para 2015 e 2016. Segundo o organismo, as previsões decepcionantes para zona do euro, Japão e alguns países emergentes - entre eles o Brasil - vão ofuscar os benefícios econômicos da baixa nos preços do petróleo.
“A visão de que uma queda do preço do petróleo ajudaria no crescimento da economia americana está sendo desmontada e acho que a taxa de juros nos Estados Unidos deve ficar em níveis baixos neste ano, com o Fed podendo iniciar a normalização da política monetária só no ano que vem”, afirma Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora. Ele destaca que o dado de inflação nos EUA, que será divulgado na sexta-feira, será muito importante para o comportamento das taxas de juros nos Estados Unidos.
No ano passado, diante do temor de uma antecipação da alta da taxa básica de juros pelo Fed, analistas esperavam que o rendimento do Treasury de dez anos poderia alcançar o patamar de 3%, o que não aconteceu com a deterioração do crescimento da economia global.
Esse cenário tira a pressão sobre as moedas emergentes, levando ao enfraquecimento do dólar frente às principais divisas hoje.
A moeda americana caía 0,28% em relação ao dólar australiano, 0,54% diante do rand sul-africano e 0,31% em relação ao peso mexicano.
No mercado interno, a sinalização de ajuste da política fiscal por parte da nova equipe econômica tem agradado o mercado e ajudou a reduzir a pressão sobre o câmbio, com o dólar acumulando queda de 1,47% frente ao real no ano.
Apesar disso, Gala ainda não vê um aumento significativo do fluxo de investimento para o Brasil.
Números divulgados hoje pelo Banco Central mostraram que as saídas de recursos superaram as entradas em US$ 1,318 bilhão na semana passada. No ano, até 9 de janeiro, o fluxo cambial está negativo em US$ 2,405 bilhões, ante uma saída líquida de US$ 861 milhões no mesmo período do ano passado.
O BC ainda liquidou no dia 5 de janeiro a recompra de US$ 100 milhões referente aos leilões de venda de dólar com compromisso de recompra.
Hoje o BC seguiu com as atuações no câmbio e vendeu 2 mil contratos de swap cambial dentro do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos que venceriam em fevereiro.
O Banco central teve um prejuízo contábil de US$ 17,329 bilhões com a venda de swaps cambiais em 2014, referente ao ajuste de posições na BM&F. Esse resultado é contábil uma vez que esses contratos estão sendo rolados pelo BC.
O BC acumula um estoque de US$ 110,161 bilhões nesses instrumentos cambiais e anunciou a renovação do programa de intervenção até 31 de março.
Compartilhe:
<< Voltar