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Os desafios do mercado de moda brasileiro

 

Veículo: Textiel Industry

Seção:Economia

Saber qual é a próxima tendência de moda é um dos principais temas discutidos quando se fala de moda. Descobrir quais serão as marcas que vão ditá-las, então, não é tarefa de amador. Entretanto, não é loteria: marcas estabelecidas no mercado mundial tendem a perpetuar seu papel provedor de novidades. Ao observar o papel das nossas marcas preferidas nesse jogo, é válido perguntar: e o Brasil, onde fica?

Analisar o perfil e o posicionamento do nosso país é bastante interessante e, ao mesmo tempo, desafiador. Boa parte das marcas brasileiras de moda pode ser classificada como lifestyle, ou seja, vendem produtos que buscam concretizar um estilo próprio do nosso povo e do nosso modo de vida. Um exemplo bastante claro é a Havaianas, do grupo Alpargatas. Após uma renovação significativa da marca, hoje as sandálias foram alçadas ao posto de item fashion e podem ser encontradas em uma infinidade de países, nos pés de pessoas dos mais variados estilos. Virou uma peça statement, e hoje há modelos desenhados em parceria com Valentino, por exemplo. Outra parte das marcas se concentra no mercado de fast fashion, e produz suas coleções tendo como base os itens mais cobiçados das marcas tidas como provedoras (obviamente, a maior parte delas é americana ou europeia).

Observar o posicionamento dessas marcas, porém, não basta para traçarmos um perfil fiel do mercado de moda brasileiro. É interessante observá-lo em termos econômicos. O Brasil conta com um número limitado de empresas de vestuário e calçados listadas na Bolsa de Valores. Dentre as participantes, boa parte delas se concentra justamente no mercado de fast fashion. Grupos listados, como Marisa e Renner,  souberam se reinventar ao longo do tempo, abandonaram o posto de grandes lojas de varejo e hoje abrigam boa parte das tendências cobiçadas pelas fashionistas e consumidoras de plantão. O Grupo Arezzo, detentor de quarto marcas, Arezzo, Schutz, Anacapri e Alexandre Birman, tem produtos que vão desde o fast fashion ao mercado de luxo. Outros exemplos são Grendene, Lojas Hering e Le Lis Blanc. Boa parte dessas empresas abriu capital depois de 2005, durante um período próspero da economia brasileira, com um volume de consumo significativo, impulsionado em parte pelo cenário internacional. O esgotamento desse modelo de crescimento baseado em consumo, entretanto, afetou de forma significativa as operações dessas empresas. Entre outras coisas, a entrada de novos participantes no mercado de fast fashion, como Forever 21 e Gap, ajudou a acentuar os desafios, exigindo replanejamento não só dos produtos, mas também dos processos de gestão.

Em tempos de baixo crescimento como o que vivemos agora, algumas dessas empresas estão suando a camisa para poder realizar um volume de vendas compatível com as projeções almejadas. Além disso, apesar de listadas, suas ações são pouco transacionadas, e a estrutura de gerenciamento, muitas vezes, ainda é bastante centralizada. Assim como souberam se reinvetar tempos atrás, espera-se que hoje, ao enfrentar um mercado mais competitivo e desafiador, essas empresas saibam inovar, tanto em produtos quanto em processos e, ainda que não façam parte do seleto grupo de marcas provedoras, consigam estabelecer-se de forma genuína e, quem sabe, explorar novos mercados.



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