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Expectativa de juro mais alto faz dólar cair 0,63%

 

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

Um movimento de entrada de recursos sustentou a queda do dólar frente ao real ontem, diante de um cenário externo de menor aversão a risco e do aumento das apostas na aceleração do ritmo de alta da taxa básica de juros.

O dólar comercial caiu 0,63%, encerrando a R$ 2,5562.

Com o cenário externo mais calmo ontem, investidores viram oportunidade para ampliar as postas na renda fixa brasileira, vislumbrando a possibilidade do BC ampliar o ritmo de alta da taxa Selic.

Ontem, o Comitê Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano.

O mercado fechou antes da decisão do Copom ser anunciada, refletindo a aposta majoritária de um aumento de 0,50 ponto da Selic - parte do mercado acreditava que o BC iria manter o ritmo e elevar a taxa básica em 0,25 ponto.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, uma aceleração da alta da taxa Selic se justifica dado o cenário de pressão inflacionária, que deve permanecer alta até o início do ano que vem, e da recente desvalorização do real, com o BC devendo reduzir as intervenções no câmbio com a retomada do tripé macroeconômico, que implica em uma taxa flutuante.

"O BC deve reduzir gradualmente as intervenções no câmbio, a intensidade disso dependerá do ritmo de aperto monetário. À medida que o mercado for se acalmando e as medidas de uma política fiscal e monetária mais ortodoxas começarem a surtir efeito na inflação, o BC pode reduzir as atuações no mercado de câmbio", afirma.

Segundo Rostagno, o aumento de 0,50 ponto percentual da taxa Selic pode trazer uma reação positiva nos mercados hoje.

Apesar da instabilidade dos últimos meses, o real segue atraindo investidores internacionais devido ao juro de dois dígitos pago pelo Brasil, agora em 11,75%, que contrasta com as taxas próximas de zero praticadas na Europa, Estados Unidos e Japão. Outros mercados emergentes também pagam retornos mais elevados que os desenvolvidos, mas ainda assim abaixo do brasileiro.

Diante das incertezas em relação à política econômica, investidores estrangeiros reduziram os aportes em ativos brasileiros no mês passado, o que contribuiu para que o fluxo cambial encerrasse novembro negativo em US$ 3,507 bilhões. No ano, o fluxo está positivo em US$ 4,763 bilhões. Com o resultado negativo no mês, os bancos aumentaram a posição vendida em dólar no mercado à vista de US$ 10,189 bilhões em outubro para US$ 13,985 bilhões em novembro.

Lá fora, a alta do preço do petróleo e os dados mais fracos que o esperado da criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos contribuíram para a recuperação das moedas atreladas a commodities.



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