Notícias

Inflação eleva apostas em aumento mais forte de juros

 

Veículo: Folha de São Paulo

Seção: Economia

O cenário de inflação mais elevada neste final de ano e início de 2015 já leva assessores presidenciais e analistas de mercado a avaliarem a possibilidade de o BC acelerar o ritmo de alta dos juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta quarta-feira (3).

Em vez de um aumento de 0,25 ponto percentual, previsão majoritária do mercado e do governo até meados de novembro, agora a aposta é que o BC pode elevar os juros em 0,50 ponto, levando a taxa Selic dos atuais 11,25% para 11,75% ao ano. Há quem faça uma previsão de uma dose ainda maior, de 0,75 ponto.

As taxas de juros negociadas nesta terça-feira (02) no mercado financeiro embutiam um aumento de 0,50 ponto percentual. No fim de outubro, três dias após as eleições, o Copom promoveu uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica.

Na pesquisa Focus do BC divulgada na segunda-feira, as projeções apontavam manutenção do ritmo de alta, considerando os cerca de 100 analistas consultados. Entre os cinco que mais acertam as projeções, no entanto, a estimativa já era de um aumento de 0,50 ponto percentual.

Desde o mês passado, o BC adotou um discurso mais duro, ao afirmar que não será "complacente" com a inflação e que pode "recalibrar" a política monetária quando e se achar necessário.

Assessores da presidente avaliam que o momento é de dar um "choque de credibilidade" na economia, mostrando que o governo não vai tolerar inflação alta e irá reequilibrar as contas públicas. Por isso não descartam a hipótese de o BC aumentar a dose do aperto monetário.

As projeções atuais de inflação mostram que o IPCA em 12 meses pode fechar 2014 no teto da meta, de 6,5%. Dentro e fora do governo, já há quem avalie que o índice pode ficar na casa de 7% no início de 2015.

Neste fim de ano, devem pesar fatores como a alta do dólar e das passagens aéreas. Em janeiro, já se espera um aumento maior de tarifas e alimentos, que pode deixar o IPCA próximo de 1% (em janeiro de 2014, foi 0,55%).

"O BC deve dar esse choque de credibilidade para aproveitar o momento, com o anúncio da nova equipe econômica, e fazer com que o 6,5% vire teto e não piso da inflação, como está querendo virar", diz Arnaldo Curvello, diretor de gestão de recursos da Ativa Investimentos.

Curvello espera dois aumentos de 0,50 ponto nos juros, nas reuniões do Copom de dezembro e janeiro.

Já Gustav Gorski, economista-chefe da gestora de recursos Quantitas, disse que o BC deve surpreender a maioria dos analistas e manter o ritmo em 0,25 hoje. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar