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Natal traz menor expansão em 10 anos

 

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A desaceleração da economia atingirá em cheio as vendas de Natal. Motivos para o desânimo do varejo não faltam. Endividamento das famílias, inflação elevada, encarecimento do crédito e a diminuição no ritmo de expansão da renda do trabalhador são apontados como causas para vendas menos robustas.

O Natal de 2014 deve ser o mais fraco dos últimos dez anos para as vendas do comércio. O alerta é do economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fabio Bentes. Ele diz que, atualmente, a projeção atual da entidade é de aumento de 2,6% no volume de vendas do varejo durante o Natal, em relação a igual período do ano passado - e com aumento de apenas 0,7% no número de trabalhadores temporários para essa data, na mesma comparação.

 

 

Bentes observou que, no Natal de 2013, a CNC apurou aumento de 5,1% nas vendas natalinas ante igual período no ano anterior. Em 2009, ano em que a economia mais sofreu com a crise global, as vendas de Natal subiram 6,9%.

Caso sejam confirmados, os percentuais relativos às vendas já seriam os mais baixos desde 2004, ano em que a entidade iniciou as projeções de vendas do comércio para a data. Já os percentuais referentes ao emprego temporário são os piores desde 2009. Naquele ano, em plena crise, o emprego cresceu 5% e até 2013 sempre se manteve acima de 3%, rompendo esse patamar apenas neste ano.

No entanto, ele fez uma ressalva. "Nós devemos revisar essas estimativas para baixo, no fim de novembro". Ele não descarta uma elevação de apenas 2% no volume de vendas; e sem aumento no número de contratações temporárias, em relação ao Natal de 2013.

O menor apetite do consumidor é sentido pela Máquina de Vendas. Dona das marcas Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar, Eletro Shopping e Salfer, a empresa estima aumento de 5% nas vendas neste Natal frente a igual período do ano passado. Mesmo que a expectativa se confirme, o resultado marcará uma forte desaceleração, já que no Natal de 2013 as vendas da companhia cresceram 15%.

O diretor de marketing da Máquina de Vendas, Allan Barros, diz que o mercado não está suficientemente aquecido e que, se os varejistas não criarem oportunidades para os clientes, não terão aumento de vendas. As 1.100 lojas do grupo espalhadas pelo país não são garantia de crescimento de vendas. Por isso, a estratégia do grupo é anunciar diariamente uma grande promoção a fim de atrair os consumidores. A campanha comercial terá início no próximo dia 16 e se estende até o Natal.

"O mercado não está aquecido para gerar vendas naturalmente. Acreditamos na data [Natal], mas temos de criar demanda. Nossa estratégia é oferecer pagamentos diferenciados, aumentando parcelas e incentivando a compra por meio de carnês para aqueles clientes que estão endividados e com o cartão de crédito estourado", diz Barros.

O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, diz que os R$ 50 bilhões que serão lançados na economia com o 13º salário podem trazer um alento. A Alshop estima que as vendas neste ano devem crescer de 7% a 7,5%, sem considerar a inflação (IPCA), que deve encerrar o ano em torno de 6,5%.

"Uma parte desses recursos [do 13º salário] vai para o pagamento de dívidas; outra para o consumo. Vamos ter um bom movimento, mas não excepcional, como em outros anos. O brasileiro curte o Natal. Ele deixa de viajar, mas não deixa de dar presentes", afirma Sahyoun.

Para o vice-presidente de operações da Via Varejo, Jorge Herzog, as vendas do Natal serão maiores do que as do ano passado, mas a expansão não deve chegar a dois dígitos. A empresa é dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio, além da fábrica de móveis Bartira.

"A gente acredita que o mercado deve reagir no fim do ano. Vai ter um crescimento [nas vendas de Natal] em relação ao ano anterior. Mas crescer dois dígitos é muito hoje em dia", diz ele, acrescentando que 2014 foi um ano difícil para o varejo em razão da Copa do Mundo, que causou muitos feriados, e das eleições, com todas as incertezas políticas.



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