Notícias

Após dois meses de alta, produção industrial volta a cair em setembro

 

Veículo: Folha de São Paulo

Seção: Economia

Depois de dois meses de alta, a produção industrial brasileira voltou a apresentar resultado negativo e caiu 0,2% em setembro, informou o IBGE nesta terça-feira (4).

O resultado frente ao mês imediatamente anterior veio abaixo da previsão de analistas, que esperavam uma alta de 0,2%, segundo a Bloomberg.

A principal influência de queda foram os bens intermediários, responsáveis por pouco mais da metade da produção da indústria brasileira. A fabricação desses produtos recuou 1,6% em setembro sobre agosto.

O resultado dos úlitmos meses não foi suficiente para zerar as perdas no ano. Março, abril, maio e junho tiveram redução da produção industrial. Com essa nova queda mensal -que repete o fraco desempenho do setor em meses anteriores-, a indústria já acumula um recuo de 2,9% neste ano.

A produção industrial iniciou 2014 em alta, mas logo passou a uma trajetória de queda nos últimos meses até julho, quando teve alta de 0,7% –índice próximo à alta verificada no mês seguinte, agosto (0,6%).

As quedas da indústria neste ano se dão em cenário de baixo investimento, queda da confiança dos empresários na economia, estoques em alta e freada no consumo.

De acordo com o gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, os últimos dois meses de alta e uma queda em setembro inferior que a média do ano podem indicar uma possível recuperação, ainda que tímida, na atividade industrial, ou pelo menos uma indicação de mudança na tendência de queda.

Ele afirmou que de fato houve uma interrupção no movimento de alta de julho e agosto, mas a predominância de altas em detrimento de quedas nos ramos pesquisados pelo IBGE reforçam a perspectiva de que a situação da indústria pode melhorar.

Dos 24 ramos analisados pelo IBGE em setembro frente a agosto, 15 tiveram altas, sete tiveram quedas e dois, variação nula. Macedo explicou que quedas em setores importantes sobrepuseram a melhora em outros ramos. Alimentos, que é o que tem o maior pedo no indicador geral de produção, por exemplo, amargou perdas de 4,1% no período.

"Setembro interrompe uma sequencia de resultados positivos, mas já se observa uma abrangência maior de altas em mais ramos da atividade industrial. Esses resultados, contudo, não superam as perdas ao longo do ano", disse Macedo.

ECONOMIA NO VERMELHO

Não é apenas a indústria que opera no negativo neste ano. O ano se aproxima do final com uma rara combinação de resultados em vermelho na economia, que incluem as contas do governo federal, as transações com o resto do mundo e a renda média por habitante.

Não se trata de mera coincidência: em todos os casos, os números negativos dão sequência a processos de deterioração iniciados anos antes e agravados durante o governo Dilma Rousseff, informa reportagem da Folha publicada nesta terça.

E todos têm um parente em comum: a queda da poupança do governo e do país no período, quando cessou o processo de enriquecimento proporcionado pela era de bonança internacional.

O Brasil -famílias, empresas e repartições públicas- poupava algo como 20% de sua renda em 2008, antes de ser atingido pelos efeitos da crise global. De lá para cá, a taxa caiu para 14%.

A poupança nacional deixou de ser suficiente para bancar as obras de infraestrutura e os equipamentos necessários para a produção de bens e serviços. Com isso, os brasileiros compram, para consumo e investimento, mais do que produzem.

  Editoria de Arte/Folhapress  

BENS DE CAPITAL E VEÍCULOS

Em setembro ante igual período do ano passado, o recuo da indústria foi de 2,1%. Nessa base de comparação, o resultado também ficou abaixo do previsto por analistas, que esperavam um recuo menor, de 1,8%.

É a sétima taxa negativa nessa leitura no ano. A última variação positiva em um mês na sua comparação com o mês equivalente do ano anterior foi em fevereiro, quando a taxa avançou 4,7%.
No acumulado em 12 meses, a produção industrial recuou 2,2%.

Três das quatro categorias econômicas estudadas pelo IBGE apresentaram quedas nas comparações de setembro com igual período do ano passado. Bens de capital (-7,9%), bens intermediários (-1,7%), bens de consumo duráveis (-7,3%) tiveram quedas, enquanto os bens de consumo semiduráveis e não duráveis apresentaram alta, de 1,6% no período.

Na comparação de setembro com o mês imediatamente anterior, a situação melhora para bens de capital (alta de 1,9%) e bens de consumo duráveis (8%) e semiduráveis e não duráveis (0,8%). A única queda fica por conta dos bens intermediários , de 1,6%.

Bens intermediários são formados por matérias primas, como o produzido pela indústria extrativa, autopeças, metalurgia. A comparação com o mês anterior contempla um ajuste sazonal.

Entre os 24 ramos pesquisados pelo IBGE, houve queda em 7, com destaque para alimentos , que apresentou recuo de 4,1% no mês.

Veículos foi o que teve a maior alta no período- de 10,1%- mas que, contudo, não foi suficiente para reverter o índice acumulado do ano, em queda de 18,1%.

"Veículos tem uma dinâmica parecida com o índice geral. Houve uma melhora que não reverte as perdas. Já alimentos, a estiagem foi o principal motivo para a redução da produção", disse Macedo, técnico do IBGE.

CONSUMO

Na pensamento econômico da presidente Dilma e sua equipe, o aumento do consumo -induzido por crédito, benefícios sociais e subsídios- levaria as empresas a elevar a produção, reativando a expansão da renda e da arrecadação de impostos.

A receita, porém, desandou: a combinação de cenário global adverso, deficit nas transações com o exterior e inflação elevada -outra consequência do descompasso entre demanda e oferta- derrubou a confiança de empresários e investidores. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar