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Analistas financeiros reduzem para 0,85% do PIB a estimativa de superávit primário no ano

 

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

As estimativas dos analistas do mercado financeiro para os resultados fiscais do governo tiveram ligeira piora após a divulgação dos relatórios do Banco Central e do Tesouro Nacional na semana passada. De acordo com números do boletim Focus, a mediana das estimativas para o superávit primário do setor público consolidado deste ano caiu de 0,9% para 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2015, a estimativa saiu de 1,6% para 1,5% do PIB.

A previsão do mercado representa menos da metade do que o governo se comprometeu a economizar neste ano, ou 1,9% do PIB. Na sexta-feira, o BC informou que o setor público não financeiro registrou déficit de R$ 25,491 bilhões. Em 12 meses, o primário chegou a R$ 31,055 bilhões, ou 0,61% do PIB, o pior resultado da série, iniciada em 2002.

Para este ano, o governo se comprometeu em entregar um superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB. São R$ 80,8 bilhões do governo central, ou 1,55% do PIB, e outros 18,2 bilhões de Estados e municípios, o que equivale a 0,35% do PIB. Para essa conta fechar, o governo tem de economizar R$ 114,3 bilhões no último trimestre do ano, ou o equivalente a R$ 38,1 bilhões por mês, algo nunca registrado. Graças a abatimentos permitidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo central teria que entregar no mínimo R$ 49,072 bilhões de superávit neste ano, mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, avisou que essa meta não será cumprida. Por isso, o governo enviará ao Congresso um projeto de lei alterando a LDO.

Ainda no Focus, os analistas elevaram a estimativa de déficit nominal neste ano, de 4,1% para 4,2% do PIB. Para 2015, a projeção segue negativa em 3,8%. A projeção para a dívida líquida do setor público segue em 35,25% para 2014 e subiu de 35,75% para 35,8% em 2015.

Depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreender e elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 11,25%, na quarta-feira, os analistas acreditam também em um aperto monetário maior em 2015. A mediana das estimativas para o próximo ano subiu de 11,50% para 12%.

Apesar da elevação do juro, não se espera um alívio na inflação. Enquanto a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2014 permaneceu em 6,45%, a mediana para 12 meses à frente subiu de 6,37% para 6,38% e a de 2015 avançou de 6,30% para 6,32%. Já a mediana das estimativas para o dólar subiu de R$ 2,40 para R$ 2,45 no fim de 2014 e de R$ 2,50 para R$ 2,55 no fim de 2015.

Os analistas também esperam uma atividade mais fraca. A estimativa para o crescimento do PIB neste ano caiu de 0,27% para 0,24%. Para 2015, a previsão segue em 1%. Já a estimativa para a produção industrial deste ano melhorou um pouco, embora siga negativa: saiu de queda de 2,24% para recuo de 2,17%. A previsão para 2015 mantém-se em alta de 1,42%.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que deve manter a previsão de 0,3% de crescimento da economia neste ano. "Os últimos dados não foram tão positivos para uma reversão [no caso da indústria]. Não creio que tenha alguma alteração [nas previsões]. Não se aprofundou o quadro de queda e nem houve recuperação", disse o gerente-executivo Flávio Castelo Branco.



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