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Setor têxtil precisa de inovação, aponta Sintex

Fonte: Economia SC

Seção: Economia

Dohler

Segundo IBGE, em SC nos primeiros sete meses deste ano, a produção têxtil no caiu1,5%. Foto: Divulgação/Dohler

Alana Pastorini

“Em meio a queda na produção do setor têxtil em Santa Catarina, a indústria precisa inovar, sair na frente das demais. E evidentemente, se preparar, porque a atual  situação do setor não tem boas perspectivas para este ano”, declara o presidente do Sintex (Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário), de Blumenau, Ulrich Kuhn.

Segundo dados do IBGE, no Estado, segundo maior produtor têxtil e de confecção brasileira, nos primeiros sete meses deste ano, a produção têxtil caiu 1,5% e a de confecção recuou 0,1%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Kuhn diz que as empresas catarinenses precisam “acordar” e acompanhar o cenário econômico brasileiro, caso contrário, devem perder espaço no mercado. “O Brasil como um todo, deve entender que teremos problemas. Quem não migrar, pensar diferente, se adequar a esta fase ruim, vai perder dinheiro”, afirma.

Questionado sobre o que de fato, as empresas devem fazer, ele diz que é preciso trocar experiências, pensar em grupo. “Cada companhia tem sua realidade e sabe onde pode ou não pisar. Por isso, planeje, pesquise casos de sucesso, acompanhe o cenário econômico. No meio da crise sempre há os que se destacam e inovam. Ou seja, além da competitividade, é preciso inovar”, afirma.

A maneira que a Tom Perfeito, empresa de confecção de Gravatal, encontrou para lidar com o cenário, foi direcionar a produção para itens essenciais e cortar despesas e novos investimentos a curto prazo. “Sentimos sim a queda na nossa produção. E dentro da nossa realidade, estamos conseguindo contornar a situação sem precisar demitir funcionários. A dica que dou a outros colegas de profissão e que sejam flexíveis em momentos como esses”, opina o proprietário da marca, Alexandre Borguesan.

Outras empresas maiores, como o caso da Döhler, empresa de cama, mesa e banho, de Joinville, se anteciparam e estão conseguindo passar pelas dificuldades com o menor sobressalto possível. “Felizmente, a empresa pôde se preparar muito bem para enfrentar o cenário mais conservador, previsto para este ano. No entanto, o fato de estarmos conseguindo manter um bom desempenho não significa que possamos nos descuidar. Estamos sempre atentos ao que acontece no mercado externo e nacional, e sempre prontos para ajustes de rumo que permitam agir rápido em diferentes cenários”, diz o presidente da corporação, Udo Döhler.

Sobre investimentos, a Döhler adianta que estão atualizando o parque fabril, localizado no distrito industrial de Joinville. Além disso,  pontua que para este ano previam investimentos de R$ 20 milhões para expansão nas atividades. Sendo que, entre janeiro e junho, já direcionaram R$ 18 milhões e pretendem fechar 2014 em R$ 30 milhões. Há dois anos também implantaram um centro de distribuição na Flórida, nos Estados Unidos, e hoje perto de 10% do faturamento da empresa vem do exterior.

Para enfrentar o baixo desempenho do setor têxtil, Döhler diz que é preciso ouvir os sinais do mercado, além de estar preparado para fazer ajustes de rota. “Planejamento é essencial em qualquer cenário. Só ele permite aproveitar as oportunidades que surgem durante as crises”, finaliza.

Atualmente a companhia conta 3.200 funcionários e um parque fabril de 200 mil metros quadrados em Joinville, gerando um volume de produção de aproximadamente 1.400 toneladas por mês, dentro de um portfólio que chega a 12 mil produtos.

Vendas fracas

A má fase do setor, de acordo com Kuhn, afeta não somente a produção, mas também as vendas, o comércio, a empregabilidade e todas as áreas envolvidas, como a venda de tecidos, acessórios e insumos em geral. “De forma geral, a economia brasileira está crescendo muito lentamente e não esperamos grandes melhoras para este ano. E isto, afeta toda a ordem econômica do Brasil. O operário não tem segurança se manterá seu emprego, como conseqüência, não compra e não faz o dinheiro circular. Ou seja, vendas e produção estão fracas, gerando ciclos de quedas”, argumenta.

A realidade se exemplifica no caso da proprietária da loja Divas Roupas e acessórios, de Florianópolis, Maria Helena Requião, que desde de agosto vê suas vendas cair em cerca de 20%. “Tive que demitir minha única vendedora porque não estava conseguindo pagar as contas. O movimento está muito baixo e penso até em sair deste ponto aqui da Trindade e procurar algo mais barato” afirma.

Embora a Fecomércio SC ( Federação das Empresas de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina) não faça relação das baixas vendas no comércio com a queda na produção têxtil, reconhece que o varejo segue com baixo volume de vendas devido ao cenário econômico desfavorável. “O crescimento menor da renda das famílias verificado nos últimos anos, bem como ao alto grau de comprometimento dessa renda com dívidas, reduzem a capacidade do consumidor em adquirir mais produtos. Adicionalmente, a redução dos índices de confiança da economia e os juros elevados para pessoas físicas, prejudicam as concessões de crédito, impactando negativamente no volume de vendas”, argumenta o assessor econômico da entidade,  Maurício Mulinari.

Diz ainda que a inflação, que está no limite da meta, também faz com que as famílias se tornem mais receosas na hora de comprar, visto que seu poder de compra se retrai.

Segundo dados da Fiesc, em 2012, os setores de confecção e têxtil de Santa Catarina empregaram 166.243 trabalhadores em 9.853 estabelecimentos, sendo na indústria têxtil, 1.900 estabelecimentos e 57.418 empregados e na do vestuário, 7.953 indústrias com 108.825 funcionários.

Além disso, conforme dados de 2011, o segmento têxtil catarinense se destaca nacionalmente, tendo uma representatividade de 20,04% sobre igual setor do Brasil e o do vestuário 22,27%. Já em 2013, as duas áreas,  venderam ao exterior, em US$ 174 milhões, sendo 7,4% do total exportado pelo Brasil.



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