Notícias

Juros longos avançam com percepção de risco

 

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) levou os investidores na BM&F a promoverem um rearranjo da chamada curva de juros futuros, formada pelas taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) de diversos prazos. Enquanto os derivativos com vencimento mais próximo - reflexo das expectativas para o rumo da taxa básica Selic - recuaram, os contratos longos, mais ligados à percepção de risco, fecharam em alta.

A taxa do derivativo para janeiro de 2016 recuou de 12,01% para 11,83%, e a do DI para janeiro de 2017, de 12,20% para 12,07%. Na contramão, o contrato para janeiro de 2021 subiu de 11,87% para 12,14%, ficando 0,07 ponto percentual acima da taxa do contrato para janeiro de 2017. Na sexta-feira, dia 24, esse diferencial era negativo em 0,33 ponto.

 

 

Segundo o jargão do mercado, a curva de juros voltou a ficar "positivamente inclinada". Na prática, isso significa que investidores veem chances menores de um aperto monetário no curto prazo e exigem mais prêmios para aplicações em renda fixa de prazo mais longo, dado o risco inflacionário e de piora das contas públicas.

Essa mudança estrutural do nível das taxas se deu em meio a certa volatilidade. O mercado de juros teve uma manhã de intenso ajuste, que jogou as taxas para cima. Mas, ainda pela manhã, as taxas se afastaram das máximas, demonstrando que não houve pânico. A reeleição da presidente Dilma Rousseff pode justificar uma boa dose de prêmio de risco nos contratos - que já vinha sendo acrescentado ao longo das últimas sessões -, mas a opção por uma postura de "compasso de espera" por definições mais claras sobre o rumo da política econômica ainda prevalece.

Algo similar se vê entre grandes investidores institucionais que têm visão de longo prazo.

Após o embate político, a hora é de conservadorismo e "serenidade" para aproveitar oportunidades de curto prazo geradas pelo estresse do mercado. Segundo Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp, fundo de pensão com patrimônio de R$ 23 bilhões, as aplicações em renda fixa vão depender do juízo de valor sobre o "preço" do ativo. "Não vamos incrementar a carteira, mas aproveitar oportunidades pontuais", diz Simino.

A fundação vai esperar o anúncio dos nomes da nova equipe econômica de Dilma e, lá fora, a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) esta semana. "Com essa polarização na eleição, tem um pouco de exagero por parte do mercado. Como se todo movimento de preço se devesse a questões eleitorais de curto prazo, quando tem outras coisas correndo", avalia.

O diretor de investimentos da Fundação Cesp lembra que o comportamento do título público americano (Treasury) de dez anos tem um peso importante sobre o movimento das taxas de juros dos títulos brasileiros de longo prazo. Questionado se a fundação voltou a comprar papéis indexados a inflação (NTN-B) - como fez recentemente quando as taxas se aproximaram de 7% -, Simino disse que as taxas ainda parecem não estar no "ponto".



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar