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Estímulo do BC tem pouco efeito em empresa menor

 

Veículo: Valor Econômico

Seção> Economia

As medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) em julho e agosto tiveram efeito praticamente nulo, até agora, sobre um de seus alvos prioritários: as pequenas e médias empresas (PMEs). É o que relatam executivos de bancos grandes e médios ouvidos pelo Valor. Como o crédito para as PMEs não anda, aumenta a chance de uma alta da inadimplência no segmento. O próprio BC já havia chamado atenção para tal risco, mas que esperava que fosse mitigado pelas ações de estímulo.

No Relatório de Estabilidade Financeira, publicado em setembro, a autoridade monetária ressaltou o efeito negativo da desaceleração do crédito para PMEs na capacidade dessas companhias renovarem suas dívidas. "A redução da oferta de crédito para as PMEs poderia ocasionar limitações na rolagem de suas necessidades de financiamento, causando eventuais impactos na inadimplência do segmento", escreveu o Banco Central.

 

 

"Visando evitar a materialização desses riscos, em agosto o Banco Central atuou preventivamente por meio de medidas macroprudenciais com o objetivo de reduzir restrições à oferta de crédito às PMEs", acrescenta o relatório. As medidas do BC incluíram a diminuição da exigência de capital para emprestar para o segmento, o que deixou essas operações "mais baratas" para os bancos.

Segundo executivos de instituições financeiras, contudo, o risco de emprestar para as PMEs cresceu, na medida em que a atividade econômica não deu sinais de recuperação. Tanto que, ao longo deste ano, os bancos apertaram controles sobre essa linha, com o temor de aumento da inadimplência. Ao mesmo tempo, empresas com um perfil de crédito melhor têm evitado se endividar, também por receio do cenário econômico.

"Existem dois grupos de médias empresas no Brasil: as péssimas, para quem não queremos emprestar porque têm um risco elevado, e as maravilhosas, que hoje não querem tomar empréstimos", diz o sócio de um banco de médio porte especializado no crédito a pessoas jurídicas. Esse executivo relata que a disputa entre os bancos para conceder financiamento para as companhias em boas condições financeiras está tão alta que as taxas de juros têm caído.

O quadro imediatamente anterior às ações do BC mostra uma acentuada desaceleração na taxa nominal de crescimento do crédito para PMEs. Em junho de 2013, a taxa de crescimento anual do estoque de crédito para PMEs estava em 11,2%. Um ano depois, essa taxa caiu para 4%. Ou seja, descontada a inflação, o estoque de crédito PME estaria em queda em junho.

Nas grandes empresas, a desaceleração no crescimento do estoque foi bem menos pronunciada. Em um ano, a taxa de avanço passou de 18,9% para 17,7%.

Em relatório recente, os analistas do BTG Pactual afirmaram que, mais do que problemas de funding dos bancos, a piora nas condições de crédito para PMEs está ligada ao ambiente econômico. A queda nas taxas de investimento das grandes empresas reduz a demanda por parte das empresas menores. Na visão do banco, as medidas foram apenas "marginalmente positivas" para o segmento, chamando atenção para a vulnerabilidade desse setor a uma piora na taxa de rolagem das dívidas. A taxa de inadimplência das PMEs teve leve piora neste ano, de 3,4% em dezembro de 2013 para 3,6% em julho. Na mesma comparação, os atrasos de grandes empresas saíram de 0,3% para 0,5%.



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