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Analistas estimam vendas mais altas no varejo

 

 
Veículo: Valor Econômico
Seção: Economia

Após a surpresa negativa com a queda de 1,1% nas vendas no varejo restrito (que não inclui o desempenho de automóveis e de materias de construção) em julho, a expectativa é que agosto tenha sido um mês de recuperação do comércio. Ainda assim, afirmam economistas, dificilmente a alta foi suficiente para retomar o patamar observado antes da Copa do Mundo, já que a redução de dias úteis naquele período acentuou a tendência de queda das vendas que já vinha sendo observada desde março.

A média das projeções de 17 instituições financeiras e consultorias é de avanço de 0,9% do volume de vendas do varejo restrito em agosto, em relação ao mês imediatamente anterior, feitos os ajustes sazonais. Se confirmado, este será o melhor desempenho deste ramo de atividade desde julho do ano passado, quando a alta foi de 2,4%. As estimativas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada na quarta-feira pelo IBGE, vão de queda de 0,3% até aumento de 2%.

 

 

Já para o comércio ampliado - que, além dos segmentos de veículos e construção, também considera os oito setores pesquisados no varejo restrito -, a expectativa média de 13 analistas é de queda de 0,5% entre julho e agosto, devolvendo assim parte do ganho de 0,8% observado no período anterior. Para os analistas, como esse é o conceito mais relevante para a mensuração da atividade econômica, a retração tende a ofuscar a alta de 0,7% registrada pela indústria no mês e levar o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) a mostrar apenas leve expansão no período.

Flavio Serrano, economista-sênior do banco BESI Brasil, estima crescimento de 1% das vendas no varejo em agosto, após queda de 1,1% no mês anterior. Entre as explicações para o desempenho mais positivo das vendas esperado para o período, diz Serrano, está a base baixa de comparação. "A Copa do Mundo afetou bastante o desempenho desse segmento, que já vinha mostrando tendência de perda de fôlego". Desde janeiro, quando este ramo de atividade mostrou alta de 0,4% das vendas, o setor tem oscilado entre estabilidade (em fevereiro e maio) e queda (março, abril, junho e julho), sempre na comparação com o mês anterior, com ajuste sazonal.

Além disso, apesar da estabilidade do nível de emprego, a renda real ainda em alta e o maior número de dias úteis no mês também devem ter contribuído para alguma melhora das vendas, diz. Setores mais ligados à renda, como vestuário, supermercados e material de escritório, devem ter desempenho melhor, avalia Serrano.

O Bradesco estima que o comércio varejista teve recuperação mais forte no mês, com alta de 2% das vendas. Em relatório, o departamento macroeconômico do banco afirma que o avanço deve ter sido impulsionado pela maioria dos setores pesquisados, com exceção de supermercados.

Já o varejo ampliado, que é mais usado para o cálculo da atividade econômica, por ser considerado mais abrangente, deve devolver parte da alta observada em julho por causa da piora do desempenho do segmento automobilístico. Em agosto, foram vendidos 193 mil veículos comerciais leves, menos do que os 208 mil em julho, segundo a Fenabrave, que reúne as concessionárias. A série do BESI com ajuste sazonal indica estabilidade das vendas de veículos, mas as diferenças no ajuste realizado pelo IBGE leva a crer que as vendas de veículos tenham registrado queda em agosto, diz Serrano.

Para o Itaú, o desempenho esperado para o varejo no mês, combinado com a alta da produção industrial, reafirmam a continuidade da moderada retomada da economia após a forte perda de fôlego observada em junho. Para o terceiro trimestre, a equipe econômica do banco estima leve alta de 0,1% do PIB, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, feitos os ajustes sazonais. Já o Bradesco pode rever o cenário após a divulgação do IBC-Br, na quinta-feira, mas por enquanto estima estabilidade da atividade econômica no período.

Serrano comenta que, como setembro foi um pouco mais favorável, tanto em termos de venda quanto de produção de automóveis, é possível que o comércio encerre o trimestre com pequena alta em relação ao desempenho observado entre abril e junho. Para a indústria, apesar dos dois meses consecutivos de alta da produção, a forte queda de junho ainda deve fazer com que o nível de atividade nas fábricas entre julho e setembro seja inferior ao do segundo trimestre. Na média, diz, a perspectiva é de leve alta do PIB no período e recuperação um pouco mais consistente no último trimestre do ano.



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