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Atividade fraca acirra debate sobre juro

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre em relação ao primeiro jogou o Brasil na recessão e atiçou o debate sobre como o desaquecimento da atividade afetará a inflação e, por tabela, o rumo da política monetária. A maioria dos 39 economistas ouvidos pelo Valor Data avalia que, a despeito da fraqueza da economia, o Banco Central não terá espaço para redução da taxa básica (Selic).

 

 

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, o BC deve aproveitar, por algum tempo, a atividade fraca para acelerar a convergência da inflação para o centro da meta (4,5%). "Esse é o objetivo primordial. A inflação alta por um período larguíssimo contribuiu decisivamente para a deterioração das expectativas e para o atual ambiente de investimento recessivo", diz Ramos, que prevê Selic em 12% no fim de 2015.

Segundo Mauricio Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil, a atividade mais fraca, ao lado de uma política fiscal mais austera em 2015, vai amenizar as pressões inflacionárias. Isso fará com que o BC mantenha a taxa Selic inalterada até meados do ano que vem. Mas, com a possibilidade de depreciação do real por conta do início da alta dos juros nos EUA, o Copom terá que retomar o ciclo de aperto monetário em julho de 2015, levando a Selic para 12,5%. "A elevação de juros poderá ajudar a manter uma certa atratividade para títulos de renda fixa no Brasil, suavizando em parte o movimento de desvalorização do real", afirma Nakahodo.

 

 

O economista Sérgio Goldenstein, sócio e gestor da Arsa Investimentos, trafega na direção oposta e vê espaço para um afrouxamento monetário em 2015. Segundo o economista, a tendência de atividade deprimida seguirá pelos próximos meses. Isso por conta de fatores como o esgotamento do modelo de crescimento baseado na expansão do consumo, a severa deterioração da confiança e a perda de fôlego do crédito. Segundo Goldenstein, a economia andando abaixo de seu potencial e um enfraquecimento do mercado de trabalho exercerão efeitos desinflacionários. "Partindo do pressuposto de que serão corrigidos os desequilíbrios fiscais e parafiscais, haverá para espaço para que o BC volte a cortar os juros no segundo semestre", diz Goldenstein, que prevê Selic em 9,5% no fim de 2015.

O ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e atual sócio do fundo ICE Canyon LLC, Paulo Vieira da Cunha, vai mais longe e prevê que, dada a fraqueza da atividade, o BC cortará a Selic ainda neste ano, para 10,50%.

 



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