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Dólar sobe 0,97% em meio a aversão a risco

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O aumento da tensão geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia e os dados econômicos melhores que o esperado nos Estados Unidos acentuaram a aversão a risco e elevaram a demanda pela moeda americana que fechou no maior nível em dois meses ante o real.

O dólar comercial subiu 0,97%, encerrando a R$ 2,2822, maior patamar desde 4 de junho.

A moeda americana abriu em alta amparada pelos dados econômicos melhores que o esperado nos Estados Unidos e acentuou a valorização após declarações do ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, à televisão polonesa TVN24 BIS de que as tropas russas estão preparadas para pressionar ou invadir a Ucrânia. "Em momentos de maior aversão a risco há um aumento da demanda por ativos considerados porto seguro como o dólar e o ouro", afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap.

Nos Estados Unidos, os dados econômicos de encomendas à indústria e o setor de serviços reforçaram a expectativa de que a economia americana continua se recuperando e ampliaram as chances de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) eleve a taxa de juros antes do esperado pelo mercado.

Em relatório, o banco Nomura aponta que as moedas emergentes têm se tornado mais vulneráveis nos últimos dois anos a solavancos nos rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano). O banco japonês conclui que essa maior sensibilidade pode colocar sob teste o sentimento positivo da instituição com o mundo emergente, em vigor desde fevereiro.

Localmente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que o Brasil tem que transitar com mudanças externas de forma segura e que o câmbio é a primeira linha de defesa. Ele voltou a destacar que o BC usa seus instrumentos para garantir tranquilidade financeira e financiamento externo.

Com a inflação pressionada, analistas já veem a possibilidade de o BC aumentar as atuações no câmbio por meio das rolagens dos contratos de swap e linhas de dólar a vencer caso a moeda americana acelere a alta em um curto espaço de tempo. O mercado também já enxerga uma mudança no patamar do câmbio após o crescimento bem acima do esperado do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre, saindo da banda de R$ 2,20 e R$ 2,25 em que esteve desde abril. "Acho que a moeda tende a buscar o patamar de R$ 2,30, mas não vejo uma disparada do dólar", diz Abucater, destacando que a partir de setembro o fluxo cambial tende a ficar mais negativo, com o aumento do envio de remessas.

"Agora, com o dólar oscilando mais, não dá para descartar que o mercado volte a testar o BC. E isso pode acontecer justamente num período em que tudo vai gerar volatilidade no câmbio: fluxo mais negativo, eleições e Fed terminando as compras de ativos", afirma o gestor de asset brasileira.

 



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