Notícias

Bovespa perde 2% e dólar sobe mais de 1% em meio a incertezas externas

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

 
Shawn Baldwin/Bloomberg

SÃO PAULO  -  O último pregão de julho é marcado por fortes quedas nas bolsas de valores internacionais. Os investidores questionam a capacidade de os mercados continuarem em alta nos próximos meses em meio à expectativa de menos estímulos pelo banco central americano, a alertas nos lucros corporativos e aos temores de contágio de mais um calote da Argentina.

As vendas de ações ocorrem simultaneamente a um aumento na demanda por dólares, o que impulsiona a divisa americana no mundo. O dólar sobe com mais força na comparação com moedas emergentes e dispara mais de 1% ante o real, para máximas não vistas em dois meses.

Câmbio

A última sessão de julho no mercado de câmbio é marcada por uma disparada do dólar ante o real nesta quinta-feira, num movimento que leva a moeda americana a se aproximar de R$ 2,28, em máximas não vistas em dois meses.

O movimento é influenciado tanto por mais uma rodada de ganhos do dólar no exterior quanto pelos ajustes de posições de investidores em meio à expectativa de redução de liquidez diante de vencimentos de bilhões de dólares em swaps cambiais e linhas de dólares.

As preocupações com a Argentina, que entrou em “default” pela segunda vez desde 2001, são outro elemento que mantém o clima de cautela no mercado doméstico, embora ainda sem impactos diretos, segundo analistas.

Às 13h46, o dólar comercial saltava 1,11%, para R$ 2,2682. Na máxima, a cotação foi a R$ 2,2760, maior patamar desde 5 de junho, quando chegou a R$ 2,2810. O dólar para agosto avançava 0,91%, a R$ 2,2675.

Segundo operadores, a forte demanda por dólares desde ontem decorre de uma busca por proteção cambial que deixará de existir com a liquidação de US$ 2,81 bilhões em swaps cambiais amanhã. Esse é o montante que o BC provavelmente deixará de rolar. O lote total era de 189.130 (US$ 9,457 bilhões) em papéis que vencem em 1º de agosto.

Para setembro, está previsto o vencimento de 201.400 contratos de swap, num total de US$ 10,070 bilhões. O BC ainda não se pronunciou sobre as rolagens referentes a esse vencimento.

Antes de voltar a subir com ainda mais força, o dólar chegou a perder fôlego pela manhã, depois que o BC aceitou propostas em leilão de rolagem de linhas de dólares. A oferta era de US$ 2,25 bilhões.

Com as rolagens de hoje, o BC mantém posição em linhas de dólares junto ao mercado.

Antes do leilão de rolagem desta quinta-feira, a autoridade monetária havia recomprado o equivalente a US$ 14,736 bilhões, de um total de US$ 16,986 bilhões vendidos pelo BC em leilões de linhas desde junho de 2013.

Juros

O mercado de juros futuros da BM&F foi engolfado hoje pelo ambiente global de recomposição de prêmios de risco de crédito. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) mais longos registram alta firme.

À espera do relatório sobre o mercado de trabalho americano de julho, amanhã, que pode ratificar a tendência de recuperação do mercado de trabalho, a escolha dos investidores é a cautela.

No Brasil, se não dita a formação das taxas, a piora das contas públicas pelo menos ajuda a engordar os prêmios de risco. O setor público não financeiro registrou déficit primário de R$ 2,1 bilhões em junho, o pior resultado para o mês na série histórica. No semestre, pelos dados do Tesouro, a economia foi equivalente a 0,69% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor resultado para o período desde 1998. 

Segundo o chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária (Depec/BC), Túlio Maciel, o déficit primário de R$ 13 bilhões somando maio e junho tornam o alcance da meta de superávit de 1,9% do PIB “mais difícil”. No entanto, ponderou, isso não significa que não seja possível de se obter tal resultado. “O Tesouro trabalha nesse sentido”, apontando que esse é o órgão responsável pela execução orçamentária.

O DI janeiro/2016 estava a 11,18% (ante 11,12% ontem, após ajustes); o DI janeiro/2017 marcava 11,52% (ante 11,43% ontem); e o DI janeiro/2021 se situava em 11,88% (ante 11,75% ontem).

Bolsa

O Ibovespa negocia em queda hoje, em linha com os mercados internacionais. A baixa, que ficou em torno de 1% durante a manhã, se aprofundou depois do meio-dia, também acompanhando desvalorizações mais fortes no exterior. Às 13h49, o Ibovespa cedia 2,04%, para 55.717 pontos. Petrobras PN recuava 3,27% e Vale PNA subia apenas 0,17%.

Segundo analistas, pesa hoje a aversão a risco mundial, impulsionada por dados piores de empresas em geral e da economia da zona do euro. Os investidores também aproveitam para corrigir ganhos nas bolsas da Europa e dos Estados Unidos. O fato de o governo da Argentina não ter chegado a um acordo com os credores que não participaram da dívida reestruturada, de acordo com os especialistas, praticamente não oferece peso extra para o mercado de ações.

Outra questão que pressiona o Ibovespa, diz um operador, é o cenário eleitoral. O Ibope divulgou ontem resultado de pesquisas eleitorais para governadores em alguns Estados.

Sobre a questão argentina, os analistas praticamente desconsideram os efeitos para a Bovespa. A safra de balanços, contudo, tinha impacto no índice da Bolsa paulista.

 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar