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Juro real cola em neutro e inflação não deve perturbar PIB

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O Banco Central (BC), cada vez mais explícito ao relatar as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) em suas atas, não estava interessado em causar sensação na última quinta-feira, quando divulgou o documento, indicando sem rodeios a manutenção da taxa Selic por período mais prolongado e a consequente convergência da inflação para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção. O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, vê no discurso do BC a indicação de que o Copom colocou a taxa de juro real em patamar muito próximo da taxa real neutra (ou taxa de equilíbrio) da economia e agora é necessário esperar os efeitos defasados na economia real.

Oliveira e o economista Frederico Schroeder, que assinam relatório distribuído nesta manhã aos clientes, reconhecem a dificuldade de estimar a variável ‘juro real ou juro real de equilíbrio’ por ser uma variável não observável. No entanto, dizem, a proximidade da taxa praticada a essa outra não observável é o que permitiu à autoridade monetária sinalizar o fim do ciclo de aperto monetário com Selic nominal a 11% e inflação em torno de 6% em 12 meses.

No relatório, Oliveira e Schroeder procuram explicar o conceito de taxa neutra de juros e qual é o seu nível estimado para a economia brasileira. E afirmam que ela é determinada pelos fundamentos da economia, sendo aquela taxa que mantém a demanda agregada igual ao Produto Interno Bruto (PIB) potencial no longo prazo – PIB potencial refere-se à determinada taxa de crescimento que não acarreta inflação.

Oliveira comenta que em trabalho publicado em setembro de 2012, os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolas Magud e Evridiki Tsounta, apresentaram estimativas para as

taxas de juros neutras de sete mercados emergentes da

América Latina (Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru,

Uruguai, Costa Rica, Rep. Dominicana, Guatemala e

Paraguai). Uma das conclusões do paper é que o Brasil tem a maior taxa de juros real neutra desta amostra e tal taxa se encontra em torno de 5,1% (que é a média dos sete modelos estimados).

Paralelamente, Cristiano Oliveira e Frederico Schroeder estimaram diferentes especificações e replicaram alguns métodos utilizados pelos colegas do Fundo Monetário. E concluíram que o juro neutro da economia brasileira recuou de 8% no início dos anos 2000 para 5,4% no momento atual – taxa que referenda o trabalho dos economistas do FMI.

Os ajustes no recolhimento de depósitos compulsórios dos bancos anunciados na sexta-feira não interferem nesse cálculo e, para o economista-chefe do Fibra, são bastante positivos, pois criam condições de aumentar o crédito em alguns segmentos onde a liquidez estava menos folgada, sobretudo para as pequenas e médias empresas.

 



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