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Real está sobrevalorizado, diz Goldman Sachs

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

Os bancos centrais da Colômbia e do Brasil vêm intervindo no câmbio por mais de um ano, mas a postura dessas atuações e as razões por trás delas são totalmente diferentes, destacam os economistas do Goldman Sachs em relatório.

Enquanto na Colômbia as intervenções no mercado de câmbio, que consistem na compra de dólares no mercado à vista, têm sido até agora leves e não passam por cima das forças de mercado, indo na mesma direção do valor justo em relação aos fundamentos do peso colombiano, no Brasil as atuações do BC se tornaram o principal instrumento da autoridade monetária, sendo usadas para evitar uma aceleração maior da inflação. "As intervenções do BC no câmbio são cada vez mais controversas, dada sua duração e intensidade", afirmam os analistas do banco.

 

 

Os analistas do Goldman lembram que as intervenções do BC se deslocaram das forças do mercado, que estão empurrando o real para um nível que seria consistente com os fundamentos fracos da economia brasileira e da necessidade de equilíbrio externo. De acordo com o modelo de taxa de câmbio de equilíbrio do Goldman Sachs, a taxa atual de câmbio, de R$ 2,22, está 33,6% acima do valor justo.

O Goldman Sachs continua pessimista com o real no médio prazo, dado que os fundamentos macroeconômicos do Brasil continuam fracos, a credibilidade da política econômica tem se enfraquecido e o real permanece sobrevalorizado. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos devem começar a subir com a conclusão da retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) e aumento da discussão sobre a elevação da taxa de juros nos EUA.

O banco prevê um câmbio perto de R$ 2,30 nos próximos três meses, mas se depreciando para R$ 2,40 e R$ 2,55 nos próximos seis a 12 meses, respectivamente.

A intervenção do BC no câmbio é um dos fatores que têm ajudado a manter o dólar em um patamar baixo no mercado local.

Ontem, a moeda americana fechou em baixa de 0,19%, cotada a R$ 2,2236. O recuo do dólar no mercado local tem sido sustentado também pela divulgação das últimas pesquisas eleitorais, que apontaram para um enfraquecimento das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff. Os investidores repercutiram ontem o levantamento IstoÉ/Sensus, divulgado na última sexta-feira, que mostrou a candidata do PT tecnicamente empatada com o candidato Aécio Neves (PSDB), visto como mais pró-mercado, em um possível segundo turno.

"Apesar do fluxo cambial negativo [acumulando déficit de US$ 5,4 bilhões em julho, até o dia 11], o impacto das pesquisas eleitorais tem predominado no mercado", diz Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap.

Além disso, as taxas ainda baixas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) continuam incentivando a busca por retorno - movimento que começou a se fortalecer a partir do final de janeiro - e o Brasil, com taxa básica de juros de 11% ao ano, tem liderado essas alocações.

 



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