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Com queda na confiança, empresário fica mais conservador

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A forte queda de confiança dos empresários industriais nos últimos meses tem contribuído para emperrar o ritmo de negócios e de encomendas. Apenas no segundo trimestre, a confiança caiu 9,4% sobre os três primeiros meses de 2014, de acordo com pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV).

No setor têxtil, os empresários adotaram uma postura conservadora em relação ao cenário previsto para maio e junho. Uma Copa do Mundo desorganizada, aeroportos superlotados, falta de hotéis e grandes manifestações eram esperados tanto pela indústria quanto pelo varejo, de acordo com Carlos Alexandre Döhler, diretor da Döhler, fabricante de peças de cama, mesa e banho.

O empresário conta que não colocou "vendedor na rua", por receio da falta de demanda no último mês e que os relatos de colegas de outras fábricas da região também sugerem que o varejo diminuiu o número de pedidos no período, prevendo ambiente mais desfavorável ao consumo.

"Achava que não ia ter hotel ou voo, então preferi tirar o pessoal de vendas das ruas. Não tínhamos como achar que seria diferente no começo do ano, com as informações que tínhamos. Mas acho que esse cenário muito pessimista, que não se concretizou, afetou a produção e o nível de vendas, principalmente em junho", diz Döhler. A empresa, no entanto, espera um segundo semestre melhor do que o primeiro tanto em vendas quanto em produção, após a primeira metade do ano ter ficado aquém do esperado.

Marco Antônio Branquinho, presidente da Cedro Têxtil, empresa de Minas Gerais, também avalia que a crise de confiança está tendo repercussões negativas sobre o setor. "Normalmente a gente recebe pedidos com até dois meses de antecedência. O que está acontecendo é que esse período encurtou. Ninguém está antecipando nada", afirma. "Há uma insegurança muito grande."

Empresa de capital aberto, a Cedro teve encomendas "tímidas" em junho, segundo Branquinho. Ele não quis antecipar números, mas a companhia, apesar do desaquecimento, não reduziu o número de funcionários. Seu quadro atual é de 3.900 trabalhadores.

O caso da Cedro não foge da tônica da indústria têxtil. Pesquisa realizada em junho pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) mostra que 73% de seus associados acreditam na manutenção no nível de emprego. O presidente da entidade, Rafael Cervone, observa, no entanto, que o ritmo de abertura de vagas é bem menor do que o do ano passado. Entre janeiro e maio de 2013, o setor criou 27.890 postos de trabalho. No mesmo período deste ano foram 17.413.

A Abit ainda não tem o balanço do desempenho no segundo trimestre. Até abril, os sinais não eram bons. Na comparação de abril sobre março, o volume de vendas do segmento caiu 1,4% e a receita, 1,18%. Comparando abril deste ano com abril de 2013, a produção têxtil encolheu 11,8% e a de vestuário, 6,7%. Entre os associados da entidade entrevistados em junho, 40% disseram que a produção ficou abaixo do esperado.

 



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