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Dólar e juros avançam com cenário externo

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

Apesar de a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Janet Yellen, ter reforçado ontem que os problemas originados da crise financeira ainda requerem como resposta juros baixos, o dado melhor que o esperado da criação de vagas no setor privado americano reforçou as apostas na recuperação da economia do país, levando a uma alta dólar frente às principais moedas.

O mercado local acompanhou o movimento no cenário externo, e a moeda americana subiu 0,87%, encerrando cotada a R$ 2,2231. As taxas dos contratos futuros de juros também fecharam em alta na BM&F, acompanhando o câmbio e a subida do retorno dos títulos do Tesouro americano (Treasuries).

 

 

A valorização do dólar no mercado doméstico ainda foi intensificada pelo fato de o Banco Central (BC) ter sinalizado que poderá fazer apenas a rolagem parcial do lote de US$ 9,457 bilhões em contratos de swap cambial que vence em agosto.

Ontem a autoridade monetária deu início à rolagem do lote, renovando 7 mil contratos, cuja operação somou US$ 346,4 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC rolaria apenas US$ 7 bilhões do lote total. Em 1º de julho, o BC deixou de rolar US$ 1,31 bilhão de um lote de US$ 10,06 bilhões. "O BC vinha sinalizando de que poderia reduzir o volume na rolagem e com o dólar em um patamar entre R$ 2,20 e R$ 2,25 tem espaço para fazer isso", diz Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank no Brasil.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, a continuidade das intervenções pelo BC sugere que o cenário pode indicar um fluxo cadente. "O que parece é que o BC está contando menos com o fluxo para o dólar se manter mais baixo. Por isso, achou prudente renovar o programa, fazendo ajustes pontuais nas rolagens", afirma.

Os dados do fluxo cambial mostram que junho caminha para fechar com saldo negativo pelo segundo mês consecutivo. Em junho, até o dia 27, o fluxo cambial está negativo em US$ 856 milhões, resultado de um déficit de US$ 2,129 bilhões na conta comercial e de uma entrada líquida de US$ 1,272 bilhão na conta financeira.

Lá fora, a moeda americana subiu frente às principais divisas repercutindo o número acima do esperado do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A ADP informou nesta quarta-feira que foram criadas 281 mil vagas no setor privado nos EUA em junho, acima da previsão dos analistas que esperavam a adição de 210 mil postos de trabalho.

O número reforçou as apostas de uma recuperação da economia americana no segundo trimestre, que abriria espaço para o Fed discutir a elevação da taxa básica de juros nos EUA e amplia a expectativa dos investidores para o relatório mensal de empregos ("payroll"), que sai hoje.

Na BM&F, os juros futuros até esboçaram um mergulho na abertura dos negócios, na esteira do tombo da produção industrial brasileira em maio, mas mudaram de rota ainda pela manhã seguindo os Treasuries. Depois de descer até a mínima de 11,38%, a taxa do contrato futuro de Depósito Financeiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 fechou a 11,49% (ante 11,43% no pregão anterior). Já o derivativo para janeiro de 2016 subiu de 11,11% para 11,13%.

Apesar da movimentação de ontem, analistas afirmam que os juros futuros seguem sem força para altas expressivas, dada a fraqueza da atividade doméstica. Ontem, o IBGE informou que a produção industrial teve baixa de 0,6% em maio em relação a abril, registrando o terceiro recuo mensal consecutivo.

 



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