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Tendência de queda dos grãos ganhou força em junho

Veículo: Valor Econômico
Seção: Economia

As cotações dos grãos confirmaram as expectativas e desceram mais um degrau em junho, pressionadas, sobretudo, pelo bom desenvolvimento das lavouras nos EUA. A ausência, até aqui, de ameaças climáticas significativas sobre as plantações americanas tem fortalecido a expectativa de que a oferta global nesta safra 2014/15 será relativamente confortável, ainda que a confirmação desse cenário dependa dos rumos do plantio na América do Sul, a partir de setembro.

Segundo cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), o trigo liderou as baixas na bolsa de Chicago no mês passado. A queda em relação à média de maio foi de 13,09%, superior ao esperado tombo do milho, cuja baixa foi de 9,47%. A soja recuou menos (4,64%), mas por conta dos baixos estoques de curto prazo nos EUA. Mesmo assim, relatório divulgado ontem pelo USDA, o departamento de agricultura daquele país, mostrou que esses estoques estavam em 11 milhões de toneladas em 1º de junho, 500 mil a mais do que esperavam os analistas. As médias dos três produtos ficaram abaixo das registradas em junho do ano passado.

 

 

Relatório divulgado na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) apontou que os gestores de recursos ("managed money") encerraram a semana até 24 de junho pouco confiantes na valorização de milho e soja. No caso do milho, o saldo líquido comprado recuou 16% sobre a semana imediatamente anterior, para 115.176 contratos (entre futuros e opções). Já a posição líquida de compra da soja caiu 11,6%, para 41.221 contratos. No mercado de trigo, as incertezas quanto aos impactos de recentes chuvas nas Grandes Planícies americanas gerou um aumento de 39,7% das apostas na baixa do trigo brando, para um saldo de 40.436 contratos vendidos, e a um incremento de 0,82% nas apostas de alta do trigo duro, para uma posição líquida comprada de 24.949 papéis.

Os movimentos dos fundos também refletiram - e influenciaram - a direção dos preços das "soft commodities" negociadas na bolsa de Nova York em junho. No mercado de açúcar, as perspectivas de que o governo brasileiro de fato aumentará o percentual de mistura de etanol anidro na gasolina motivou o aumento nas apostas na valorização da commodity e conteve sua curva de baixa. Ainda assim, os futuros de segunda posição fecharam o mês em queda de 0,61% em relação a maio.

Conforme a CFTC, os investidores fecharam a semana até 24 de junho com uma posição líquida de compra de 156.364 contratos em açúcar, mais que o dobro da semana anterior e o maior saldo líquido comprado do ano. A elevação da mistura de etanol à gasolina - de 25% para 27,5%, conforme se especula - poderá reduzir a oferta de cana para a produção de açúcar no Brasil, o que atiçou o apetite dos fundos.

Os investidores também ficaram um pouco mais animados em relação a uma eventual alta do café arábica em Nova York. O saldo líquido de compra do grão avançou 1,84% na semana até 24 de junho, para 39.054 contratos. Nos últimos meses, o café vem oscilando em meio a incertezas sobre a safra do Brasil. As principais regiões produtoras do país foram afetadas por um verão muito mais quente e seco que o normal, o que tende a se refletir na qualidade dos grãos que estão sendo colhidos. Mesmo assim, e em meio a uma forte volatilidade, a cotação média do grão recuou 8,27% em junho sobre maio.

Já as apostas especulativas na alta do suco de laranja caíram 25% na semana até 24 de junho, conforme a CFTC, para uma posição líquida de 4.493 contratos comprados. Novos dados da Nielsen indicaram que a demanda pela bebida no grande varejo dos EUA continua em trajetória descendente. Antes desse recuo, contudo, os movimentos dos fundos ajudaram a levar o preço médio da commodity a fechar junho com leve valorização de 0,77% sobre maio.

O menor otimismo dos fundos recaiu também sobre algodão e cacau, cujas posições líquidas de compra caíram 2,22% e 3,73% em Nova York, respectivamente. Sobre o algodão, cuja cotação média foi 9,1% menor que a de maio na bolsa, pesou para a redução das apostas a perspectiva de elevação na produção nos EUA. Sobre o cacau, que subiu 4,68% em Nova York por causa da expectativa de déficit global, o movimento especulativo refletiu a momentânea elevação da oferta em países da África.

 



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