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Dólar avança em meio a tensão geopolítica

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

O aumento das tensões geopolíticas na Ucrânia e no Iraque provocou um leve movimento de aversão a ativos de risco que tirou força do real e alimentou um ajuste dos juros futuros ontem na BM&F. Em alta na comparação com as principais dividas emergentes, como o rand- sul-africano, o peso mexicano e a lira turca, o dólar comercial subiu 0,35% em relação ao real, para R$ 2,2378.

Para o estrategista de câmbio para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman em Londres, Ilan Solot, o momento é de uma pausa no rali verificado recentemente para moedas emergentes por conta do aumento da tensão geopolítica, proximidade do período de férias de verão no Hemisfério Norte e pela mudança de rota monetária em vários bancos centrais.

 

 

Solot acredita, no entanto, que esse momento de maior aversão a risco é temporário, e o cenário continua favorável para operações de "carry trade" - que buscam ganhar com a arbitragem de juros - no médio prazo se o Banco central Europeu (BCE) seguir com as medidas de estímulo monetário. Nesse cenário, o estrategista da Brown Brothers vê oportunidade de ganho com a posição vendida em euro e comprada em peso mexicano, e também de "carry trade" com o real, recomendando a compra de dólar abaixo de R$ 2,20 e a venda quando a moeda se aproximar de R$ 2,35. "Acho que o dólar deve oscilar na faixa entre R$ 2,20 e R$ 2,40 até as eleições. Se a presidente Dilma Rousseff for reeleita, há chance de o dólar subir", diz.

No mercado doméstico, os investidores acompanham o fluxo de recursos externos, que tem limitado a pressão altista do dólar nos últimos dias. Ontem, a empresa Biosev anunciou a captação de US$ 440 milhões por meio de empréstimo sindicalizado de três anos. Na semana passada, sete emissões de bônus vieram a mercado, levantando um valor estimado de US$ 7 bilhões.

Além disso, os investidores seguem cautelosos à espera de mais detalhes sobre a nova etapa do programa de oferta de swap cambial, no segundo semestre. Segundo operadores, o BC deve esperar a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve amanhã, que poderá trazer novas sinalizações sobre o ritmo de normalização da política monetária americana, para anunciar as condições da oferta de swaps na nova etapa do programa.

 

 

O avanço do dólar, em meio às tensões geopolíticas, abriu espaço para uma alta dos juros futuros na BM&F, com investidores corrigindo os excessos vistos no movimento de queda na semana passada. A taxa do contrato futuro de Depósitos Interfinanceiros (DI) para janeiro de 2016 subiu de 11,20% para 11,25%. Segundo operadores, também contribuiu para o avanço dos DIs o leilão de venda NTN-B (papel atrelado à inflação). Foram vendidos 527,8 mil títulos do lote total de 1 milhão. Ao aumentar a quantidade de ativos em circulação, o leilão do Tesouro derruba os preços dos papéis e, em consequência, provoca alta dos juros.

Na visão dos analistas, episódios de alta das taxas como os visto ontem não passam de ajustes técnicos para realização de lucros. A tendência de queda das taxas é preponderante, dados os sinais de fraqueza da atividade econômica e de arrefecimento da inflação no curto prazo. Ontem, a FGV informou que o IGP-10, após a alta de 0,13% em maio, apresentou deflação de 0,67% em junho.

 



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