O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse prever que a emissão de debêntures pelo setor privado perca fôlego neste ano, com o aumento da taxa básica de juros.
Empresas lançam esses títulos no mercado financeiro para obter recursos para investir em infraestrutura. Com o aumento da taxa de juros, o custo para as empresas sobe.
O Banco Central elevou a taxa de juros de 7,25% ao ano, em 2013, para 11% ao ano, com o objetivo de frear a alta de preços.
A estimativa inicial do banco era de que empresas emitissem um total de R$ 12 bilhões em debêntures neste ano. Para Coutinho, esse valor pode ser reduzido à metade.
"Quando as debêntures foram lançadas, a Selic estava em 7,25% ao ano, era mais fácil. Mas foi necessário subir a taxa de juros para controlar a inflação", disse.
CRÉDITO PRIVADO
Coutinho afirmou que este momento é "menos favorável", mas que ainda assim serão viabilizadas algumas operações.
"Em algum momento o ciclo de inflação será superado, possibilitando o aumento de escala na emissão de debêntures".
As debêntures reduzem a necessidade de aportes diretos do banco estatal em projetos de infraestrutura. Outro escape para manter a oferta de financiamento é o crédito de bancos privados. Mas a baixa confiança na economia, o crescimento da inadimplência em outros negócios e o aumento da taxa de juros estão emperrando o crédito privado.
Coutinho disse, contudo, que os entraves com o setor privado "não são insuperáveis".
Segundo ele, o BNDES está discutindo com bancos privados dividir o financiamento em projetos de risco mais baixo.
"Em projetos de operadoras com rating [nota de avaliação de crédito] mais alto, há mais facilidade de compartilhar o financiamento com o setor privado", disse.
Coutinho participou de evento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em São Paulo.