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Corte no imposto tem pouco efeito no câmbio e dólar sobe 0,26%

Veículo: Valor Econômico

Seção: Economia

A medida anunciada ontem pelo governo, que reduz o prazo de incidência do Imposto sobre Operações (IOF) para captações externas de 360 para 180 dias, teve pouco efeito no mercado de câmbio.

Após o anúncio, o dólar chegou a cair frente ao real, mas retomou o movimento de alta com a divulgação do dado melhor que o esperado do índice de atividade no setor de serviços dos Estados Unidos. O dólar comercial subiu 0,26%, fechando a R$ 2,2840.

A redução do IOF visa incentivar as captações de curto prazo de empresas e bancos no mercado externo para melhorar o fluxo cambial e ajudar a conter a pressão de alta do dólar. Analistas avaliam que a ação mostra uma preocupação do governo com a velocidade da alta da moeda americana, que sobe 1,92% em junho.

Para os analistas, a medida teve pouco efeito para o câmbio, uma vez que a maior parte das operações de captações externas é realizadas para prazos superiores a 360 dias, que oferecem uma oportunidade de arbitragem mais interessante, entre as taxas das linhas lá fora, normalmente atreladas à Libor, que está muito baixa, contra o cupom cambial. Para se ter uma ideia, a taxa do Forward Rate Agreement (FRA) de cupom cambial para janeiro de 2015 fechou ontem a 1,01%, enquanto a taxa para julho de 2015 encerrou em 1,28%.

Analistas questionam, no entanto, que a disposição dos bancos em tomar linhas lá fora hoje é menor com a mudança do cenário externo, diante da expectativa de normalização da política monetária americana, e o aumento da posição vendida em dólar no mercado à vista dos bancos, que encerrou maio em US$ 14,342 bilhões.

Para o diretor de câmbio da corretora NGO, Sidnei Nehme, a oferta de hedge por meio de contratos de swap cambial já não tem o mesmo efeito sobre o câmbio, uma vez que a demanda está mais concentrada no mercado à vista. "O governo busca incentivar os bancos a trazerem dólares para suprir a demanda no mercado local, dado que o fluxo está negativo", diz Nehme.

O fluxo cambial ficou negativo em US$ 813 milhões em maio, depois de dois meses consecutivos de superávit.

"A questão é que você tem um momento delicado para a inflação, com o Banco Central interrompendo o ciclo de alta da taxa Selic, e uma valorização mais forte do dólar pode não ajudar", afirma Tony Volpon, diretor executivo e chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities, lembrando que a medida veio logo em seguida ao fato de o BC ter aumentado o volume de contratos de swap cambial ofertados nos leilões de rolagem do lote de US$ 10,060 bilhões que vence em 1º de julho.

No entanto, dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenção no câmbio e um cenário de maior aversão a risco no mercado externo continuam impulsionando a retomada da demanda por "hedge" (proteção). "O ambiente favorável que se verificou para mercados emergentes em março e abril está mudando e a tendência agora é de alta do dólar. O que de fato poderia ter impacto para suavizar esse movimento seria a prorrogação do programa de intervenção pelo BC", afirma o executivo da tesouraria de um banco estrangeiro.

 



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