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Euro se aproxima de US$ 1,40 e aumenta pressão sobre BCE

Veículo: Valor Econômico

 

Seção: Economia

As condições que justifiquem uma ação do Banco Central Europeu (BCE) para frear a apreciação do euro têm se fortalecido após a moeda comum dar um salto e, por menos de meio centavo, não chegar a US$ 1,40.

Esse é "um nível psicologicamente importante, que pode ativar alguns dos alarmes das autoridades", disse Neil Jones, diretor de fundos de hedge do Mizuho Bank Ltd., em Londres.

O presidente do BCE, Mario Draghi, aprofundou o debate contra a apreciação do euro nos últimos meses, e culminou com uma promessa, no dia 24 de abril, de começar a comprar ativos caso uma moeda mais forte mantenha a inflação em depressão. Embora a valorização possa ser vista como um referendo da recuperação na zona do euro da crise de dívida soberana e do papel de Draghi nesse processo, está se tornando evidente que os exportadores estão sofrendo.

Empresas como o Royal Bank of Scotland Group Plc e a Amundi Asset Management disseram que o valor de US$ 1,40 pode colocar à prova a resolução dos decisores políticos, e o Bank of New York Mellon afirmou que romper esse nível pode fazer com que a moeda suba ainda mais.

O euro chegou nas operações de ontem a US$ 1,3951, aproximando-se de seu pico em dois anos e meio, de US$ 1,3967, alcançado em 13 de março. A valorização da divisa alcança aproximadamente 8% diante de uma cesta de nove moedas do mercado desenvolvido desde o fim de março de 2013, de acordo com os índices Bloomberg Correlation Weighted. No fim da tarde de ontem, a moeda europeia perdeu um pouco de fôlego, descendo a US$ 1,3911.

Quase ninguém previa esse rali. Mesmo com a alta da cotação, apenas 5 de 56 analistas consultados pela Bloomberg veem o euro operando acima de US$ 1,40 até o fim do ano. As estimativas médias o colocam a US$ 1,36 até 30 de junho e a US$ 1,30 até o fim do ano.

Dados oficiais mostraram que os preços ao consumidor aumentaram 0,7% na zona do euro no mês passado, em relação ao ano anterior, estando bem abaixo da meta do BCE, de pouco menos de 2%. Apenas 2 de 58 economistas consultados pela Bloomberg esperam que a autoridade monetária reduza a taxa principal de refinanciamento da baixa histórica de 0,25% na reunião do BCE de hoje.

"Até agora, os dados na zona do euro não foram conclusivos o suficiente para incitar medidas urgentes do BCE", disse James Kwok, diretor de gerenciamento de câmbio da Amundi, que supervisiona US$ 1 trilhão. "No entanto, uma maior aceleração do euro, para acima de US$ 1,40, abriria o caminho para uma medida consequente."

"O principal problema para o BCE é se eles não fizerem nada", disse Beat Siegenthaler, estrategista de câmbio do UBS AG, em Zurique. "Então eu tenderia a achar que quebraríamos os recordes de alta do ano, o que significaria mais pressão para eles no futuro. Se de fato superarmos US$ 1,40, isso vai gerar muitas manchetes, que seriam dispensáveis para eles."

 



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