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Medidas de redução já deveriam ser adotadas

Veículo: Valor Econômico

 

Seção: Economia

 
Evandro Monteiro/Valor / Evandro Monteiro/ValorNivalde de Castro: "Esperar a chuva cair em abril é um risco muito grande, do ponto de vista econômico e energético"

 

O governo já deveria adotar medidas para estimular a redução do consumo de energia do país. A avaliação é do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, professor Nivalde de Castro. Para ele, o governo não pode esperar a ocorrência de chuvas até o fim de abril, quando acaba o período de chuvas, para tomar uma decisão. "Esperar a chuva cair é um risco muito grande, do ponto de vista econômico e energético. Não estamos falando de risco político, porque não analisamos a questão política", disse Castro.

Segundo Castro, existem dois pontos preocupantes com relação à estratégia do governo. O primeiro é que historicamente, em abril, o volume de chuvas é bem menor do que no primeiro trimestre. O segundo é que, devido a escassez de chuvas no início deste ano, o solo está muito seco e vai consumir boa parte da chuva que ocorrer neste mês.

De acordo com o coordenador do Gesel/UFRJ, dificilmente o governo vai reproduzir o modelo de racionamento energético adotado por Fernando Henrique Cardoso em 2001. O especialista acredita que, caso seja tomada alguma medida de estímulo à redução do consumo, o modelo será parecido com o adotado pelo governo de São Paulo para o uso da água, em que o consumidor recebe desconto na tarifa caso utilize menos.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê a ocorrência de um volume de chuvas de 83% da média histórica para o mês de abril nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram 70% da capacidade de armazenamento do país. Para o Nordeste, a segunda principal região em termos de armazenamento de água, a previsão de chuvas é pior, de 41% da média histórica. Com relação ao Norte, a expectativa do operador é a ocorrência de chuvas de 98% da média histórica para abril. O órgão também trabalha com uma estimativa de volume de chuvas de 120% do histórico para o período no Sul.

Diante desse cenário, o ONS estima um volume médio de 44% de armazenamento nos reservatórios hidrelétricos no fim de abril, quando termina o período úmido. A média de armazenamento do país hoje é de 40,4%.

 

 

As principais consultorias do setor estão trabalhando em novas projeções, a partir dos dados informados pelo ONS para abril, mas elas ainda não divulgaram suas novas previsões. O último dado oficial reportado pela consultoria PSR, em março, indicava que o nível médio do sistema elétrico nacional precisaria alcançar 40% no fim de abril para que fosse evitada, do ponto de vista técnico, a necessidade de decretar racionamento de energia já em maio. Segundo a consultoria, o nível precisaria superar 49% para que fosse evitada a necessidade de um racionamento em qualquer mês deste ano.

Outra consultoria do setor, a Excelência Energética, apontou em março que o risco de déficit no Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, considerando o risco de não atendimento de 5% da carga da região, ao longo de 2014, estava em 42,2%.

Com relação ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o ONS prevê que os reservatórios hidrelétricos fechem o período chuvoso com 40,6% de armazenamento. O volume representa uma alta de 4,3 pontos percentuais em relação à cota registrada no fim de março, porém ainda é bem menor do que o observado no fim de abril de 2013, de 62,4%.

O operador também trabalha com uma projeção de armazenamento de 42,8% no Nordeste para o fim de abril. A marca significa uma alta de 1,3 ponto percentual em relação ao estoque no fim de março e uma queda de 6 pontos percentuais em relação a igual período de 2013, de 48,8%.

Para o Sul, o ONS estima queda de 2,5 pontos percentuais em relação ao nível no fim de março, terminando abril com 43,6% de armazenamento. Em 30 de abril de 2013, porém, os reservatórios da região estavam com 60,3% de estoque. Com relação ao Norte, o ONS espera que os lagos das usinas terminem o período úmido com 91,3% de armazenamento, com alta de 5,2 pontos percentuais em relação ao nível observado no fim de março. O volume, porém, é inferior aos 96,1% apurados no fim de abril do ano passado.

 



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