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Exportações 'param' e deficit com o exterior bate recorde

Veículo: Folha de São Paulo

Seção: Economia

 

Buraco de US$ 4,1 bilhões é o maior já registrado no comércio com o exterior

Valor é similar ao de janeiro de 2013, porém, dado daquele mês foi inflado por compras anteriores da Petrobras

RENATA AGOSTINIDE BRASÍLIA

O comércio brasileiro com o exterior nunca teve um início de ano tão ruim como agora, com deficit de US$ 4,06 bilhões em janeiro, resultado recorde não só para janeiro, mas para todos os meses desde 1959, quando teve início o levantamento do BC.

Houve aumento nas compras de quase todos os tipos de produto. Já as exportações não subiram a ponto de fazer frente à alta da demanda por importados.

É comum que o primeiro mês do ano apresente deficit comercial. As empresas correm para repor estoques, aumentando importações.

Por outro lado, há a entressafra agrícola e férias coletivas em diversas companhias, o que desaquece a produção.

Nunca, contudo, o saldo negativo chegou perto de janeiro. Oficialmente, é quase o mesmo valor de janeiro de 2013 --uma diferença de apenas US$ 17 milhões.

Em 2013, porém, o dado foi inflado em US$ 1,6 bilhão devido ao registro em atraso de compras da Petrobras de 2012.

Neste ano, a queda de 20% nas importações de combustíveis, que expandiram artificialmente o deficit em 2013, foi compensada pela alta das compras em todos os demais segmentos.

Aumentaram as importações de eletrônicos, móveis, vestuário e alimentos. Com isso, cresceu 9% a entrada de bens de consumo.

Também houve incremento nas compras de máquinas e equipamentos, que subiram 7%, e nas de matérias-primas e produtos intermediários, com aumento de 3,2%.

As importações totais se mantiveram em US$ 20 bilhões, sem que houvesse crescimento das exportações, que ficaram em US$ 16 bilhões.

A deterioração da economia argentina, um dos principais parceiros comerciais do país, começa a preocupar alguns analistas --em janeiro, caíram 14% as vendas para o país vizinho.

A aposta predominante, no entanto, ainda é de recuperação no saldo comercial ao longo do ano, diante do real desvalorizado, que aumenta a rentabilidade das exportações e torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado externo.

"As taxas de crescimento das exportações têm sido mais consistentes mês a mês, ainda que modestas. É o efeito que esperamos daqui para a frente", diz Felipe Salto, economista da consultoria Tendências, que prevê superavit de US$ 8,2 bilhões no ano.

O Banco Central projeta superavit ainda melhor, de US$ 10 bilhões para 2014 --quase quatro vezes o do ano passado: US$ 2,6 bilhões.

O saldo comercial representa parte significativa das contas externas do país, cujo deficit desde o ano passado deixou de ser inteiramente coberto pela entrada de investimentos estrangeiros direcionados à produção --fluxo menos volátil do que as aplicações financeiras.



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