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BC indica que juros voltarão a subir; veja, com tradução, os 8 trechos essenciais da mensagem

Veículo: Blog Dinheiro Público & Cia / Folha.com
 

O Banco Central divulgou uma ata de 74 parágrafos para explicar por que elevou sua taxa de juros de 10% para 10,5% e quais são suas intenções daqui para a frente.

Bastam oito trechos essenciais para entender a mensagem, reproduzidos abaixo com a devida tradução do idioma do BC.

“O Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava.”

Tradução – “A inflação do ano passado, de 5,91%, superou as previsões do Banco Central, o que torna necessário um juro mais alto.”

Nota - Copom é o Comitê de Política Monetária, formado pela cúpula do BC. A observação sobre a inflação acima do esperado não constava da ata anterior.

“O Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso.”

Tradução -  “Os juros vão continuar subindo e não haverá motivo para espanto se a próxima alta for novamente de 0,5 ponto percentual.”

Nota -  A frase é idêntica à da ata de novembro, que antecipou mais uma alta de 0,5 ponto percentual. No mercado, porém, a expectativa mais consensual é uma nova alta de apenas 0,25 ponto.

“A projeção para a inflação de 2014 aumentou em relação ao valor considerado na última reunião, e permanece acima da meta de 4,5% . (…)  Para 2015, (…) a projeção de inflação se posiciona acima da meta.”

Tradução - ”A meta não será cumprida, mas é preciso pelo menos evitar que a inflação fique ainda mais alta.”

Nota - A projeção central do mercado é de inflação de 6% neste ano, acima da taxa de 2013.

“o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p.” 

Tradução – “Por enquanto, acredita-se que os juros têm de subir em 0,5 ponto, mas a opinião pode mudar.”

Nota – “Neste momento” foi a novidade do comunicado da semana passada sobre a alta dos juros. Não se sabe quanta autonomia o BC terá para subir as taxas em ano eleitoral.

“O cenário central contempla ritmo de expansão da atividade doméstica relativamente estável este ano. (…) Delineia-se ambiente em que o consumo tenderia a continuar em crescimento, porém, em ritmo mais moderado do que o observado em anos recentes; e os investimentos ganhariam impulso.”

Tradução – “A economia vai continuar crescendo pouco, mas pelo menos os investimentos devem aumentar mais que o consumo.”

Nota – As previsões para este ano são novidade na ata. Mais investimentos significam mais oferta de produtos no futuro, o que é bom para a inflação. Mas o resultado não é imediato.

“Não obstante a concessão este ano de reajuste para o salário mínimo não tão expressivo quanto em anos anteriores, bem como a ocorrência nos últimos trimestres de variações reais de salários mais condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos.”

Tradução - ”Para reduzir a inflação, é preciso aumentar o desemprego. O mercado de trabalho ainda está favorável demais.”

Nota - Pela 25ª ata, o BC observa, com novo texto, que desemprego baixo e reajustes salariais generosos fazem aumentar a renda, o consumo e os preços.

“A geração de superavits primários em patamares próximos à média dos gerados em anos mais recentes contribuiria para diminuir o custo de financiamento da dívida pública.”

Tradução - ”Se o governo reduzir ainda mais sua poupança neste ano eleitoral, a tendência será de mais alta dos juros”

Nota - O BC entende que a escalada dos gastos públicos, até agora, não comprometeu o endividamento do governo, mas, se for aprofundada, pode injetar mais dinheiro na economia e ajudar a elevar os preços.

“O Comitê pondera que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária para a inflação ocorre com defasagens.”

Tradução - ”Existe a esperança de que o aumento de juros já feito ainda surta mais efeitos.”

Nota - A frase foi introduzida na ata de novembro e pode justificar uma eventual alta futura de apenas 0,25 ponto. Os juros sobem desde abril de 2013; como o impacto na economia não é imediato, pode ser que não seja necessário subir muito mais.



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