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China troca estocagem por subsídio a produtor

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Vaivém

A China vai trocar a sua política de estocagem de algodão e de soja por subsídios à produção doméstica. A mudança, anunciada ontem, revela o fracasso do programa de recomposição dos estoques de algodão iniciado pelo governo chinês em 2011.

Naquela época, o preço do algodão bateu recorde de alta devido a restrições na oferta. Com estoques baixos, a decisão da China foi elevar a importação para garantir o suprimento de seu setor têxtil.

A prática foi acompanhada pela manutenção dos preços internos acima dos praticados no mercado externo, com o objetivo de estimular o plantio de algodão no país.

Não deu certo. A produção têxtil chinesa não cresceu como o esperado, e o consumo de algodão não foi suficiente para consumir os estoques.

Ao final de julho, a China deve ter 12,7 milhões de toneladas de algodão armazenadas –o equivalente a 60% dos estoques mundiais. O volume é suficiente para abastecer o país durante 590 dias.
Com estoques altos, os produtores locais reduziram, pela segunda vez consecutiva, a área de algodão. "O governo está mudando a política para contornar esse momento insustentável", diz Daniele Siqueira, da AgRural.

Segundo ela, os altos estoques chineses limitam a valorização do preço do algodão em Nova York. O país é o principal produtor, consumidor e importador do pluma.

Em uma nova tentativa de estimular a produção interna, a China determinará uma espécie de preço mínimo para produtores da província de Xinjiang, que responde por cerca de 60% da safra total.

O mesmo ocorrerá para produtores de soja do nordeste do país e do interior da Mongólia –responsáveis por quase 70% da colheita, segundo dados oficiais. Na safra 13/14, a área de soja no país caiu pela quarta vez seguida.

Para a analista, a nova política não deve impactar de maneira significativa as exportações brasileiras.

A interrupção no programa de compras de algodão já era esperada, devido à imensidão dos estoques.

Quanto à soja, a necessidade de importação continuará alta. A área agricultável na China é restrita, e a oleaginosa não é prioridade do governo. Além disso, a demanda por alimentos continuará alta –é a menos afetada pela desaceleração econômica.



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