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Loyola: Inflação não está fora de controle, mas é incômoda

Veículo: Exame

Seção: Economia

 

São Paulo - Para Gustavo Loyola, a inflação não está fora do controle, mas é incômoda. O ex-presidente do Banco Central (1992-1993 e 1995-1997) não espera uma convergência da inflação para o centro da meta (4,5%) nesse e nos próximos anos e vê certa perda de credibilidade do Banco Central. “Na prática, a meta de inflação brasileira não é 4,5% mas algo mais próximo de 6% é um certo relaxamento no campo inflacionário”, afirmou.

O IPCA de julho, divulgado ontem, apresentou variação de 0,03% - o resultado mais baixo desde julho de 2010 (0,01%). Considerando os últimos doze meses o índice foi para 6,27%, abaixo dos 6,70% relativos aos doze meses anteriores e abaixo do teto da meta, 6,50% - mas bem longe do centro da meta, 4,5%.
 
Loyola prevê que a taxa de juros vai encerrar o ano em 9% e será mantida em 2014 – mas pode subir mais, dependendo do comportamento da inflação nos próximos meses. “Não acredito que o BC sofra muitas pressões para queda de juros, há a percepção de que a inflação é muito ruim para a economia e para a popularidade”, disse, no evento “Planejamento internacional e proteção de ativos”, realizado hoje pelo Westchester Financial Group.
 
“A economia brasileira está em uma dinâmica de recuperação, mas uma recuperação vagarosa e cheia de incertezas”, afirmou. A Tendências Consultoria, da qual Loyola é sócio, projeta que o PIB crescerá 0,5% no segundo trimestre e menos que isso no terceiro. A consultoria projeta que, no ano, o PIB crescerá 2,1% - e 2% em 2014, ante projeção anterior de 3%.
 
Segundo Loyola, o PIB potencial brasileiro está em 3,1% - abaixo dos 4% a que já chegou. “Metade do problema ter a ver com o Brasil mesmo”, se fosse um problema generalizado, outros países também sentiriam, segundo Loyola, para quem cerca de 70% da situação estaria relacionada a condução da política macroeconômica brasileira e não ao cenário externo.
 
Para Loyola, o Brasil perdeu o momento de euforia com o país. “É como ganhar na loteria e gastar todo o dinheiro em farra; não fez nada para gerar novas receitas no futuro. Nós consumimos os nossos ganhos ao invés de investir, por exemplo, o governo não aproveitou para fazer reformas, avançar na agenda de concessões, privatizações, só no ano passado caiu a ficha que teria que ser feito algo mais forte nessa área”, afirmou.


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